SAUDADE BOA
Nunca mais o sorriso a disfarçar a dor e a tristeza, fazendo-me crer que a vida era tão somente bela. Nunca mais a voz, a cantar cantigas de ninar, mesmo embargada pelo sono e o cansaço, após um dia de árduo trabalho. Nunca mais as mãos, a guiar meus primeiros e incertos passos, quando nem mesmo sabias para onde caminhar. Nunca mais o olhar, cuidadoso e amoroso a ensinar-me do amor e respeito aos semelhantes. Nunca mais o abraço terno, caloroso, fazendo-me ter fé na vida, nas pessoas e no futuro. Nunca mais a cumplicidade nas noites frias, chá na mesa e conversas amenas. Nunca mais a alegria da convivência com os amores que seus filhos geraram e que fizeram os dias de inverno tão mais felizes. Para sempre aquele dia, em que voltastes a ser criança, as lágrimas rolando pelo rosto e rogando que a levassem para casa... Estás em casa agora, mãezinha,e sei, a neve que cobriu teus olhos transformou-se num despertar de aurora radiante ao chegares nos campos das brancas flores. Serenamente aguardo nosso reencontro, embora a saudade, às vezes, seja punhal contorcendo-se dentro do peito. Nunca mais é pouco tempo, quando o amor é eterno.
Helena da Rosa
06.05.2010