Ah, a saudade...
Meus pés acabaram de tocar o solo de algum espaço,
não sei bem o instante em que me encontro,
o tempo não mais se mostra como outrora.
É o sol que não mais esquenta suavemente as
belas tardes das moçoilas, que saiam as ruas com suas
charmosas sombrinhas a passear.
É o mar que não mais acalma a nossa alma,
sendo mais violento, avança, encobrindo cidades
como se estivesse dando o que a ele fora oferecido.
São as pessoas que desaprenderam a dizer "obrigado",
"bom dia", "como vai", frases tão usadas num momento
remoto, enaltecido no tempo dos nossos avós, quando não
se tinha vergonha de tomar a benção,
auxiliar um idoso na rua,
ou pedir desculpa.
Mas é como dizem por aí,
"o mundo está evoluindo,
somos modernos e estamos no país do futuro".
O ultrapassado deveria ser muito chato não é?
Viver em um cenário em que as pessoas se respeitavam mais,
o amor pelas pessoas e natureza era ensinado
nas escolas e as famílias por mais deficientes de recursos
que fossem, faziam o máximo para possuirem uma vida
digna.
É verdade, somos modernos, somos avançados,
o crime avança as fronteiras do Estado,
as crianças, cada vez mais transformam-se em
mão-de-obra do tráfico, e os ideais capitalistas
cerram as cortinas da contemporaneidade com o apaixonante
cenário cinzento pruduzido pelas indústrias,
pelo acelerar do aquecimento global,
pela falta de mais amor fraternal.
Que saudade do humor critico do Chaplin,
que com simplicidade e ternura acabava por
falar de assuntos complexos.
Que saudade dos idosos que ficavam sentados
na porta de casa ao fim da tarde, observando
o sol ou jogando conversa fora, enaltecendo assim,
a vida.
As crianças correndo pelas ruas,
levando alegria aos vizinhos que lhe davam
bolo no lanche vespertino.
As brincadeiras infantis,
hoje tornaram-se vis.
Em meio ao presente, temo o futuro,
e saúdo o passado, esperando que aprendamos
mais com nossos próprios atos,
pois é como diz o William, "ou você controla
os seus atos ou eles o controlarão", diante do observado
seria tarde aprender a domá-los?
Nesse ambiente nostálgico,
preciso recorrer novamente ao passado remoto,
já que o mundo moderno avança tanto, que
os mestres anciãos permanecem intactos, com vossas
sabedorias que impulsionaram o lado sábio e bondoso da humanidade
recorrente.
"Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!..."
Penso que apenas essa estrofe resumiria
o que tento até aqui dizer, vês como sou moderno?
Obrigado,
Mestre Casemiro de Abreu.