TRÊS AMIGOS
Vou contar-lhes a "história” de três amigos: o Sonho, a Morte e a Saudade.
O Sonho era lindo, jovem e sempre sorridente.
Já a morte trazia em seu rosto um véu negro que cobria-o totalmente.
Enquanto a saudade, apesar de abatida, trazia em seus olhos o brilho do amor verdadeiro, que realçava ainda mais a sua divina beleza que radiava.
Certa vez, enquanto o Sonho e a Saudade saboreavam um delicioso pic-nic, avistaram a Morte sentada a beira do rio, triste e só.
Ambos tiveram a mesma idéia: se aproximarem a fim de conversar e entender o porque de sua profunda tristeza. Mas a Morte, por ser tão fria e apavorante, afastava-os, mesmo sem dizer uma só palavra.
Passada algumas horas o Sonho não se conteve, segurou na mão da Saudade e a levou com ele até a Morte.
A Morte, que permaneceu com os olhos fixos na corrente água cristalina, sussurrou baixinho:
__ O que desejam?
A Saudade olhou para o Sonho. E este, sabendo que só ele poderia interrogar a Morte, com cuidado perguntou:
__ Dona Morte, porque você é tão triste e por onde passa acaba espalhando tanta tristeza e dor?
E a Morte, num tom tristonho respondeu:
__ Não é de minha vontade e nem do meu agrado espalhar tal sofrimento. Mas cada vez que alguém me olha face a face, não sei o que acontece... Mas toda essa dor que você fala aparece.
O Sonho, que estava ao lado da Saudade que continuava calada, fez um pedido:
__ Eu posso ver o seu rosto, dona Morte? Prometo que vou me conter.
A Morte virou-se para o Sonho. Lentamente foi retirando o véu. E pouco a pouco sua face foi sendo revelada.
Diante de tal cena a Saudade não se conteve e abriu a boca:
__ Mas Morte, você é linda!
__ A Saudade tem razão, dona Morte __ concordou o Sonho __ Você é o ser mais belo que eu já vi em toda a minha vida. Mas porque esconder tanta beleza debaixo deste negro véu?
E lentamente a Morte respondeu:
__ Sei que sou linda, pura e radiante. Mas infelizmente aqueles que me olham nos olhos acabam não tendo tempo de olhar para trás e dizer o quanto a Morte é bela e que só ela levará a verdadeira vida e a eterna felicidade.
Diante deste quadro o Sonho caiu estatelado. E, como sempre, apenas a Saudade ficou para contar a história.