Em meio à saudade.
As lembranças me chegam a mente como flores
na primavera. Era em um tempo em que as pessoas
viviam realmente a palavra comunidade, em alegria e solidariedade.
as crianças soltavam melodias em forma de riso altos
e cativantes com suas inesgotáveis energias corriam
feitos pássaros de um lado para o outro da aldeia,
como em uma alegre cantiga tocada em outros tempos por um trovador.
Os anciãos sentados ao longo do cenário, seus cabelos brancos
transmitiam a serenidade própria das experiências adquiridas até ali.
Seus olhares reportavam um tempo entendidos por poucos,
e sentido por muitos. Na leveza juvenil viam a velocidade de outros
tempos, o riso faziam olhar para o céu e agradecer ao Deus pela oporutnidade contemplada naquela visão. A satisfação deles harmonizava-se com a natureza, representada ali pelo verde das árvores e o aroma dos eucalíptos, que rodeava a floresta.
Como diz o poeta, " tudo era apenas uma brincadeira", eles brincavam de viver, não existiam dores capazes de entristecê-los, tudo resultava em amadurecimento e nesse âmbito aquela comunidade era uma verdadeira faculdade, que ensinava a todos através de um "ensaio mongráfico" acerca da importância do cumprimento que nos deixou o grande Mestre, "Amai-vos uns aos outros".
Deparo-me com uma mulher de sorriso alvo como pouco
de vê atualmente, seja pela poluição ingerida, seja pela amargura
que deprime as ações rotineiras. Ela mais parecia um anjo que ao meu
lado estava e se transformava em um braço forte que apenas com o seu olhar transparecer o que tantas vezesmeus lábios teimaram em calar.
Se era minha esposa, amiga, irmã ou conselheira desconheço,
apenas sinto a relevância que representa para mim.
Trabalhávamos juntos em prol da harmonia da tribo, lá todos
comiam com o suor derramado no trabalho diário, a noite reuniam-se ao redor para ouvir de seus anciãos para ouvir deles as histórias e ensinamentos que apenas a floresta e a vida nos reserva, ah, como
era doce senti-los, a sensação era como de uma flauta nos ninando ao adormecer.
E de pensar que para a maioria das pessoas hoje é um penar encarar a vida, lá visualizávamos o nascer do sol como uum presente dado pelo Mestre, um farol nos dizendo que os passos estavam em harmonia com as energias do mundo.
Na verdade aquele era o nosso mundo, era o que conhecíamos naquela existência, onde tudo era respeito e solidariedade, tudo.
Hoje,nada.
05-08-2009, às 05-08-09.