VOO 447
Há imensa tristeza vagando pelo ar
Súbita pluma em um véu de pranto
Há um sussurro aflito vindo do mar
Sendo trazido do oceano pelo vento
Amigos e desconhecidos dão as mãos
Há um adejar de anjos naquele lugar
Levam pela mão aqueles que se vão...
São acolhidos e cingidos com amor
Pois lhes vem a vontade de chorar
Somente assim irão amenizar a dor
Olham sem direção e sem apreender
Custam a acreditar no que aconteceu
A angústia de partir assim sem avisar
Na incerteza reside a dor de se morrer
Quem partiu se foi prematuramente
E quem ficou vai enxugar o pranto
Vai prantear em aflição semelhante
A vida é tão fugaz e tão passageira
Nós somos estrangeiros nesta terra
E nada que dissermos vai amenizar
A dor da perda vai doer a vida inteira
Só nos resta saber que tudo vai passar
Mesmo perecendo vamos ser eternos
Não morremos, só para casa voltamos
Só nos resta unirmos as mãos a rezar!