PAI, PERDOA MINHA INGRATIDÃO

Querido carpinteiro

Amigo de todas as horas

Verdadeiro e único companheiro.

Como tu eras forte e cheio de esperança

Mas na minha ingênua ignorância

Sua atitudes nem sempre eram corretas.

Homem bruto e rude como pedra

Suas regras eram rígidas e tinham punições severas

Presente em minha alma a cada amanhecer

Por Deus, a minha rebeldia não permitia compreender

Suas razões e preocupações de pai.

Mas no dia em que a tumba lacrou seus restos mortais

Pude compreender o quanto era valiosa a sua preocupação

Para o processo evolutivo de minha formação.

Neste momento meus olhos lacrimejam, foge-me os vocábulos.

Lembranças do passado toma-me por inteiro.

Meus pensamentos materializam-se e trazem a mim

A presença do querido pai carpinteiro.

Foram momentos indescritíveis de felicidade

Que só a espiritualidade pode nos oferecer.

Quantas saudades, anos se passaram

Meus cabelos branquearam-se deixando-me igualmente a você

Agora posso compreender suas atitudes,

Enxergar qualidades e virtudes, entender erros e defeitos.

Assim foi fácil perceber que você queria-me do seu jeito.

Por tudo, eu quero agradecer-lhe em prece,

Pela palavras bruscas que invadiam meu ser,

Elas serviam-me de advertências.

Pelos gestos firmes e fortes que amedrontavam-me,

Elas continham respeito e cordialidade.

Pelas palmadas que arderam na minha carne e no meu coração,

Elas fizeram-me homem e cidadão.

Por todo amor que sempre recebi e por toda minha ingratidão,

Venho humildemente suplicar-lhe o perdão.

Porque jamais poderia compreender

Que tais atitudes seriam simplesmente para me proteger.

Obrigado meu pai, querido carpinteiro

Meu eterno amigo e fiel companheiro.

Jose Augusto Cavalcante
Enviado por Jose Augusto Cavalcante em 12/05/2009
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