NA CASA EM QUE EU MORAVA

Inverno lancinante,

timidez ingenuidade,

mais acima de tudo agonia

vontade de gritar liberdade

ter saudade...

ia doer, mais já na manhã de domingo

de volta a casa "deles" que por tanto tempo

também foi minha.

o primeiro almoço de casada

... Já não era mais menina

vergonha e dor nas entranhas

depois da noite de festas

a maquiagem, o cabelo os padrinhos

convidados, o balão e a galinha.

Tantas eram as emoções

consumação da história,

não podia ficar pra depois, foi naquela mesma noite

que o rompimento se dera.

minha mãe tão bonitinha, chorando

a peguei de surpresa

recolhia, pra entregar

minha alforria, dentro de uma caixinha

trazia alí meus pertences,

pra juntar ao enxoval:

chinelos, pentes e grampos, escova de dente, batom e cajal.

o almoço já preparado

não esperavam por mim,

foram lágrimas e abraços

felicidade sem fim e doía...

a curiosidade era grande,

mais nunguem a mim dizia

eu me torcia...e doía!

de volta à minha casa

Rua Porto do Bezerra, construida só

pra nós, alí escreveria ...vidas

Se passaram, muito anos

34 é a soma, duas vidas fizemos,

outras vidas se juntaram,

e estas outras duas me deram.

Somos então agora oito

tres somando pares

geraram mais dois, meus tesouros.

Navegar é preciso

dizem que as aguas correm pro mar,

neste porto ancoramos.

e tantas aguas passamos

Foram frias madrugas

noutros dias sol brilhante,

risos tantas alegrias, festinhas familiares

o local que as festas se davam

era alí a minha casa

Rua Porto do Bezerra

todos alí consagrando,

a união que um dia ao chegar o seu ocaso,

meu pai, a Deus se entregava

se despedindo da vida

rendendo-"Lhes", graças pelas venturas

vividas.

A gratidão é a mesma, peço ao Senhor Deus, agora

que faça daquela morada, felizes meu sucessores

foi vendida, aquela casa.

Paras as "minhas vidas" então peço a Deus,

de coração com a alma em agonia,

faça vencer o medo abrir portas e janelas

que o porto que a eles der

sejam de paz e alegria, que produzam mais

que eu onde escolher aportar.

E que não se alongue os dias, para que com alegria

eles também possam contar

enumerando vitórias e com gosto saborear.

Com saudades relembrar, quão felizes, fomos

Rua Porto do Bezerra, o nosso primeiro lar.

Cida Cortes
Enviado por Cida Cortes em 07/05/2009
Reeditado em 07/05/2009
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