Uma Historia
Sim claro, nunca achamos que isso aconteça um dia conosco...
Sempre achamos que irá acontecer com um colega, um conhecido, um vizinho, um amigo, um ente querido, mas jamais com a gente próprio, não é mesmo?
É triste sim, mas infelizmente, perdemos sempre algo onde jamais conseguimos repor. Às vezes um carro numa batida, um dinheiro, uma chave, enfim, mas nunca achamos que iríamos perder uma pessoa querida em sua vida.
O pior é que nascemos todos e é a única certeza que temos diante da vida, que vamos morrer um dia...
Mas por que não aceitamos isso nunca? Por que jamais nos conscientizamos que você, ele, aquele amigo querido, todos vamos morrer um dia? Por que?
Não sei dizer, só sei que sofro muito por ter perdido pessoas queridas em minha vida, pessoas que para mim sempre representaram algo a mais na minha vida em diversas situações.
Por que pensamos assim? Será que é saudade ou medo? Não sei...
Sei que gosto muito de pensar principalmente em uma única pessoa que se foi e sempre será importante na minha vida: Meu Avô.
Essa pessoa, muito especial, me deixa saudades. E quase sempre me leva a emoção em noites antes de dormir. Venho lembrando o que se era apenas um vida natural, uma vida sem maldades, uma vida inocente, onde nos respeitávamos, um dando conselho ao outro, vida diferentes, afinal Ele era o meu Avô, baixinho, careca, com dentadura, usava óculos também, fazia travessuras (e eu sempre o acompanhando), nossa que saudade....
Lembro que era Ele que me levava para cortar cabelo... Quase em todos os finais de semanas... Inventava que estava grande o cabelo, sabe pra que? Simplesmente para podermos estar juntos. Um passando experiência para o outro. Lembro que ele era gerente de um posto de gasolina e tinha naquele posto uma loja de conveniência e de lá quando eu estava com ele, sempre se levava algo de minha vontade. Era extraordinário!
Que saudade....!!! Morávamos em São Paulo, até que um dia meu pai foi transferido para Belo Horizonte... na primeira impressão é que seria muito bom morar em BH, pois é minha terra natal. Mas depois de um certo tempo percebi que não teria mais aquela vida de troca de experiências, troca de carinho que um Avô tinha por um neto e eu por ele. Era lindo aquilo em vistas de hoje, quando me percebo hoje um Homem adulto e não com aquela inocência, sem saber o que realmente tínhamos de afinidade. Era um Pai, simplesmente. Enfim, mudei para BH, e senti muita falta e ele também. Até que se passaram dez meses e ele se mudou para BH também, adivinha por quê... Sério, muito feliz ficamos todos, e eu particularmente, pude ter aquele amigo, aquele colega, aquele companheiro, aquele Pai, pude sorrir novamente em plena felicidade.
Então voltamos a viver aquela amizade que tinha se partido, até o dia em que ele se foi para sempre. Tristeza real, única, sempre.
Duro não é a falta dele, duro é lembrar das coisas boas que vivemos, dos passeios, das travessuras que éramos cúmplices um do outro, daquelas gargalhadas dele, onde ás vezes a dentadura se soltava... Nossaaaa...... Como era bom, como foi bom, Vô. Por que você foi tudo o que foi para mim e ainda é? Por quê? De graça... Ainda é e sempre será. Será aqui dentro de meu peito uma pessoa super especial, onde sempre lembrarei da nossa amizade, de tudo o que vivemos ontem, hoje, amanhã e sempre... Sei que todos nós vamos ter que continuar passando por isso um dia, mas com nós dois, Vô, tinha que ter sido diferente... Converse aí em cima onde você está, quem sabe...
Achava que isso não aconteceria comigo jamais, que perder uma pessoa tão importante na vida, teria como conseqüência uma saudade eterna. Mas também, Vô, depois disso, aprendi o real valor da perda física das pessoas que amamos, lembrando sempre dos ótimos e únicos conselhos que eram transmitidos a mim em forma de carinho, atenção e brincadeiras. Confesso que meu travesseiro, em noites de profundo clarão do sono, fico a pensar muito em tudo que já me disse, a respeito da felicidade, da alegria de se viver, da não preocupação com a vida afinal você dizia: “ não há bem que sempre dure e mal que nunca se acabe”, e isso sempre trouxe comigo.
Sim perdi em muitas lágrimas a saudade pois não o tenho mais para compartilhar travessuras, lágrimas escorem em lembrança de sua imagem, de seu sorriso, de seu semblante honesto e humilde, mas não se pode fazer nada a não ser lembrar, sorrir e chorar diante de nossa história.
A vida continua, e isso foi somente uma viagem que você está a fazer mas sem volta pois quem vai a seu encontro sou eu, sem data, mas vou.
Nossa história terá ainda muitas páginas. Beijos grande.