Ah, Brigo!

Não sei exatamente o porquê, mas hoje acordei em paz. Minha paz.

Meus pais, há 20 anos entregavam-se um ao outro. Com medo. Sem preguiça de se esforçarem.

Caso o acaso pensasse, não haveria verdade. Um caso, um casório, uma casa - esta ainda à espera - um calabouço.

Pergunto-me o tamanho da paciência. Suportar e superar os problemas de um relacionamento: tarefa para poucos.

É engraçado pensar que podem brigar agora e daqui a alguns instantes vão estar trocando beijos. Imagino que há algo por trás disso tudo. Cumplicidade, parceria, colaboração... não sei. Ainda.

Falta muito tempo; sobra muita desconfiança.

Três anos me colocarão junto ao tempo de comrpromisso deles, mas não sei se trinta casamentos serão suficientes para me fazerem confiar novamente.

Sinto-me sozinho, mas não estou. Sinto falta e vazio por dentro, calor e arrepio por fora. Minhas mãos, ávidas pelas suas. Meus pés, (caindo) no chão. Minha cabeça, no horizonte e minha memória nos sorrisos que um dia prometi lhe dar.

Eu tenho fé, essa estranha força capaz de fazer acreditar que os olhos enxergam além de um ponto remoto. É intensa e me faz confundir a realidade com ilusão, desejo, destino.

Eu serei meu novo-velho-e-esquecido melhor amigo. Preciso aprender a contar e calcular comigo mesmo. Escrevo e alivio. Ouço e me assusto. Vejo e soluço. Espero e me torturo - não mais.

Fecho os olhos. Abro a mente. Creio.

Cedo ou tarde, meu bem vai voltar - do trabalho ou do descanso - e eu vou ceder, me entregar, mais uma vez, diferente, aos poucos, e de novo, no vôo, no afeto, no coração, na verdade. De novo, serei eu mesmo: criador de guerras, defensor da paz.