Como se “livrar” do que dá tanta saudade?


Certa vez um guru me disse: - O dia que você sentir muita saudade, pense no céu azul.

Recordei da frase quando percebi que as emoções estavam apertando demais, eu estava só com a visão de um toldo cinza acima de mim, (sei que se eu não tivesse o dom de ver naquele mesmo instante pesaria mais a nuance negra). Quase enlouqueci.

Quando a saudade explode por demais no peito, esta pode queimar, inter_ferir e até cansar... nenhuma palavra isolada pode abranger todos os sentidos da Saudade (aventuro-me a dizer que nem a Nossa Língua Portuguesa prima por tal conceito).

Você pode dobrar fronteiras, mas só vencerá o excesso de saudade, se o seu estado de espírito se dispuser a se manter de pé se afastando de certas ruas. Seja onde estiver, você não pode caminhar por caminhar, tem que se fixar no aqui agora.

Não há receita, para se “livrar” da saudade CRÔNICA, mas se pode dissolvê-la da tonalidade roxa e chegar ao azul, mesmo que tenha que apelar para a ajuda do CÉU no coração da Terra, entretanto arrisco novamente a escrever algo que aparentemente pode parecer simples mas não é: não se pode dar tanta força ao que gera tal sentimento, a vida provoca situações de teste, por isso o verbalizar tem que alcanç_ar ao máximo que puder: “quem segura a saudade pode matar a saudade, a palavra tem que se partir ao meio”:

No Vale dos Miosótis

(quisera) ter o poeta em vida!
quisera não ter sido tão possessiva
no saber e no lidar: dá Saudade.


quisera não ver de quando em quando
o vagar das personagens

e(m) suas viagens...

quisera menos imagens,
sons e menos cheiros azuis
...e mais e mais minutos
com o ser vivo.

restaram apenas a voz da pena,
a música e um tanto a mais
Daquelas musas e a
sua incomensurável saudade,

Saudade arde.

*

Azule-se.


Rosangela_Aliberti
São Paulo,06.XII.08
(Foto de origem desconhecida)