Aprendendo o que é o Amor...
Meu pai logo que nasci presenteou minha querida mãe com um bouquet de roas brancas e vermelhas que ela jamais esqueceu. Ela sempre me dizia que eram as mais belas flores que ela rebera na vida, e que jamais poderia esquecer o gesto amoroso e sincero do meu pai. Ele nunca demonstrou na minha frente ser um homem romântico, pelo contrário mais me parecia ser um homem desapercebido das coisas do amor. Minha mãe por sua vez era uma romântica incomensurável, adorava musicas que tocavam seu coração, na maioria das vezes ouvia sempre as mesmas seis musicas que ela dizia lembrar das seis pessoas que ela mais amava neste mundo. Minha avó materna que Deus levou antes que ela visse minha mãe no altar. Meu avô que minha mãe sempre dizia que era seu protetor e que me pegava no colo todos os domingos até os meus 5 anos de idade, pois Deus resolveu colocá-lo novamente ao lado de minha avó. Do meu pai que foi o primeiro beijo e único homem a saber como é beijá-la. Lembra também de minha tia e de meu tio, seus dois irmãos que viveram com ela por mais de vinte anos, depois se casram e mudaram para muito longe, minha tia para o sul e meu tio para o exterior. E claro a última e mais bela musica, que assim ela dizia, lembrava a mim seu único filho. Ela me ensinou tudo sobre flores pois era apaixonada por elas, em especial as rosas brancas e vermelhas, estas estavam gravadas em seu coração desde o meu nascimento. Um homem que nunca vi ter um gesto amoroso com ela na minha frente marcou seu coração naquele dia. Ele nunca me ensinou muita coisa a respeito do amor, na minha adolecência sempre perguntava tudo a minha mãe, ele até ouvia na hora do jantar pois sempre jantava-mos juntos na mesa todos os dias era um lei que jamais foi questionada por mim imposta por meu pai. Ele quase nunca falava nada eu sempre perguntava muita coisa sobre quase tudo, mas, minha mãe era quem sempre respondia, ele nunca se opôs à nenhuma pergunta que eu fazia e nem a nehuma resposta dela. Sempre sério e com um olhar forte e determinado. Eu não tinha hora para dormir, ele me ensinou que eu era o senhor do meu tempo mas se eu falhasse com ele, ele seria o senhor do meu tempo. Aprendi muito com isso nunca e ele se tornou o senhor do meu tempo, pois nunca vacilei. Respeito se conquista ele dizia, nascemos todos livres, mas com nossas atitudes erradas nos tornamos prisioneiros de outros, ela falava.
Só me disse uma única vez no dia do meu aniversário de dez anos. Eu nunca me esqueci disso, minha mãe por sua vez me ensinou a respeitar e amar as mulheres, tratando como princesas, porque um dia uma delas poderia se tornar minha rainha. Entendi que minha mãe não era minha rainha rainha e sim minha mãe, e que um dia eu iria embora para construir meu reino ao lado de minha rainha. Aquilo me deixou aflito e apeensivo pois deixa-la não fazia parte dos meus sonhos. Não ouvir as palavras sabias de meu pai me deixava assutado, mesmo que ele as falasse a cada dez anos. Mas chorei muito...
Quando numa noite em que eu dormia tranquilamente depois de nosso jantar familiar à três como em vinte e cinco anos acontecia sempre as oito horas em ponto, uma coisa aconteceu em minha vida, meu pai me acordou as três e meia da madrugada como nunca fizera na vida pois desde criança quando eu acordava chorando com meus pesadelos quem me socorria sempre, sempre foi minha querida mãe. Ele se encontrava em meu quarto pela primeira vez numa madrugada, e para minha supresa isso não era a unica coisa que via em minha vida pela primeira vez. Ele chorava, aquele homem que considerava um homem de ferro, sem fraquezas, sem dores, sem marcas da vida, sem medo do amanhã... ele simplesmente me abraçava e chorava copiosamente, suas lágrimas molhavam o meu ombro e nem uma palavra saia de sua boca, então entendi a situação e comecei abraçá-lo e chorava junto com ele, pegou no meu rosto com suas duas mãos e senti que eram suaves, tentava me falar algo mas suas palavras sumiam diante de seu choro, abracei ainda mas forte cravando meus dedos em suas costas. Ele não precisava me dizer nada, só uma coisa levaria aquele homem a tal desespero... A morte de sua amada... a morte de minha mãe.
Me levou para o quarto deles, lá me deparei com uma cena que jamais irei esquecer, havia no quarto cinco homens do corpo de bombeiros segurando com as duas mãos seu queps na altura do estômago, eles sentiam muito pela perda da minha mãe fizeram de tudo para reanimá-la, tentaram trazê-la de volta mas não era a vontade de Deus. Queria me amaldiçoar naquele momento por levar uma vida tão em paz que me fazia dormir num sono profundo todas as noites. Ela sempre dizia:
Meu filho se cair uma bomba na casa do vizinho você não acorda.
E depois eu sempre ria coçando a cabeça com aquela frase. Mas naquela noite eu não queria mais nada, queria sim ter um sono leve pra ter ajudado minha mãe. Meu pai tentou me poupar daquela cena por isso não me acordou, entendi que ele me amava demais, pois com certeza as cenas das tentavivas de reanimação dos médicos tentando trazer minha mãe de volta jamais sairiam de sua mente.
No velório onde se encontravam dezenas de pessoas, amigos, parentes, estava meu tio que pegou o primeiro voô para o Brasil e minha tia que dirigiu por mais de doze horas até nossa cidade. Todos já cansados de derramarem lágrimas pela morte prematura de minha mãe que estava com a sua saúde perfeita, mas que não suportou um infarto fuminante.
Contavam as histórias vividas com minha mãe. Diziam que ela era a pessoa mais feliz que eles conheceram um dia, meu pai nada falava ficou do lado do caixão o tempo todo segurando um embrulho que todos se perguntavam o que seria, mas por respeito a ele nem eu perguntei, repeitava muito o meu pai e acabara de descobrir o quanto ele me amava, ele tinha o direito de ficar a sós para se despedir de minha mãe. Chamei todos para fora daquela sala, que se encontrava num cemitério onde estava enterrados meu avô e minha avó maternos. Ele não levou mais que um minuto para também sair da sala e quando entrei para me despedir de minha mãe pela ultima vez, vi algo que nunca em minha vida irei apagar de minha memória.
Lá estava um bouquet de rosas brancas e vermelhas.
Fran (kisko)