Minha terra... de mim esquecida.

Se pintor o fosse, certamente

teria em ti a predileta paisagem

a retratar... como és doce,

mas como te fazes tão amarga.

Não traçaria apenas os riscos

da efemeridade de frios contextos

superficiais da beleza aparente,

que rente, a tudo transporta,

permite, mas a ninguém seduz.

Iria mais fundo, no fulgor

de sua essência, como no pulsar

de um coração descompassado,

como no dia daquele beijo

que não foi roubado,

e sim a mim retribuido, no fulgor desenfreado,

fremente, de minha amada.

Enfim, aí estive. Revi minhas raizes, a sós,

circulei por todas as vias

de minhas fantasias, meus castelos,

como se um fantasma fosse,

vendo a todos, omitido por todos,

como se nunca tivesse existido...

em minha querida terra natal.

Mortificou-me tamanha frieza.

Tudo isso entretanto, não teria qualquer importância

se conseguisse revê-la.

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 24/06/2008
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