Continua...
Sigo caminhando na noite escura e fria,
meus pés estão gelados pela lembrança do
aquecimento de outrora.
Ao levantar os olhos vejo o céu, me espanto ao
verificar que não há estrelas brilhando, azul celeste,
só nuvens, apenas nuvens acima de mim.
A frente vejo neblina, nada de clareza no caminho.
A estrada que antes estava vazia e calma, agora mostra-se
ofuscada e com surpresas não gratas. Mas porquê, por que
tudo o que era luz no amor, se transformou em pura dor?
Porque?
Não existe mais uma lareira ao anoitecer,
o livro que liamos juntos já estão com as páginas
mofadas e sem cor. Aquela canção que fazia-nos rir
apenas ao ouvir as primeiras notas, agora ficou sem graça,
sem balanço, sem ritmo, transformando -se
apenas em letras agrupadas.
Hoje me pergunto, quem sou? Porque estou?
Se todas as vezes que via-me, estava olhando para você,
e a cada instante ao contemplar o seu olhar, via a menina dos
meus olhos. A vida pós você, me deixou irreconhecível, minhas marcas,
meus objetos, nenhum desses via como meu e sim, nosso. Não tinha um só instrumento meu sem as suas digitais, sem o seu cheiro, chego à conclusão que estou inodoro.
Olho novamente a estrada e meus pés seguem sem forças para algum lugar, assim como a neblina sigo pelos espaços, sem saber onde e como parar.
Apenas sigo,
sigo,
sigo...