CARO AMIGO
Em fim te sinto, mudado na aparência,
Por dentro, a podridão ainda persiste,
Arrogância intacta, sem clemência,
Tuas quedas não te fizeram mais triste.
Te olho pela vidraça, frágil proteção,
Escondes-te da dor e da realidade,
Mas tua essência, uma cruel ilusão,
É feita de egoísmo e vaidade.
A vida tentou, em vão, te despertar,
Quedas e tropeços, todos ignorados,
O mesmo ser, incapaz de mudar,
Prisioneiro dos erros, enraizados.
Teu reflexo, no vidro, revela a alma,
Marcada pelo orgulho e solidão,
Aparências mudam, mas no fundo a falsa calma,
Foge de um coração em escuridão.
Tião Neiva