ELA ESTAVA OCUPADA DEMAIS NAQUELE DIA FATÍDICO EM QUE NUM SEGUNDO A OUTRA VIDA EVAPORAVA
Sempre esperava a atenção e carinho dela. Uma palavra de conforto ou alguma forma de mostrar que ele era importante. Mas era apenas uma utopia do seu tolo coração.
Escolheu cuidadosamente cada dia futuro que poderia desfrutar ao lado daquela que sonhou, seria seu par perfeito, a mulher da sua vida. E sonhou como quem sonha acordado, vislumbrando cada detalhe e entalhe daquilo que seria o dia do teu enlace, por fim...
Ele realmente lutava por esse amor, dando sua alma e corpo, jamais impondo limites ao que sentia e quando tinham seus momentos, ah! Realmente havia entrega, mas quase nunca reciprocidade. E aquilo doía na sua alma. Porque o sentimento era de que não passava de um objeto. Mera utilidade.
Um dia ele disse a ela que já não eram e que não poderiam permanecer como estavam. Era terrível não receber afetos, carinho e jamais ser prioridade. Afinal, para todos ela sorria, pra muitos ela estava disponível, mas com ele, jamais. Sempre tinha motivos para não fazerem algo, ou porque não tinha como isso, ou aquilo, e tinha que acordar cedo, essas coisas fúteis de quem não faz questão de ser presença.
Numa manhã se falaram por telefone e decidiram que não tinha como viver dentro dessa bolha onde o mundo era regido pelas vontades e liberdade dela, sem jamais ter a empatia de se colocar no lugar dele.
Naquele mesmo dia ele viajaria para uma cidade distante e no caminho pensava em como o término era dolorido, triste e sim, com pinceladas de raiva e mágoas... E no trajeto, o sentimento de por um basta em toda a existência era algo latente. Pois a dor é tamanha e ainda mais pelo desprezo da pessoa diante de tudo que colocou para ela, em palavras, como pedido de socorro.
Infelizmente, um acidente viria, no final daquele mesmo dia por um fim eternal naquele desespero que corroía a alma do pobre homem. E o silêncio sepulcral agora era a resposta para tudo, calando para sempre teu acelerado coração que devotou tanto amor sem jamais ter reciprocidade.
Porém, diante dos fatos ocorridos ela havia percebido, tardiamente, que aquele homem foi alguém que brigou, insistiu e persistiu para defender algo que só a ele importava- Ser feliz ao lado de quem amava e daria a vida, se preciso fosse, para fazê-la feliz.
A verdade é, caríssimos, que partiu um homem vazio, cheio de saudades, um coração parou, enquanto ardia em paixão, uma boca se calou enquanto sua alma gritava o nome e sobrenome da mulher amada... Mas...Ela tava ocupada demais naquele dia fatídico em que num segundo a outra vida evaporava.
F.Fidelis