Granadas

diferentes demais,

duas granadas prestes a explodir sem o menor esforço,

era o que nós éramos.

explosões contidas que machucariam o outro com seus fragmentos, e nós sabíamos. te via correndo para o lado contrário de tudo que eu acreditava, e odiava cada parte sua que me fazia te amar menos. e mesmo assim, te amava. nas tuas ameaças de irromper, eu te abraçava sem medo, porque sabia que o nosso tempo era curto.

nunca tivemos a esperança de um futuro, ele nunca coube a nós. perpetuar duas detonações juntas seria uma estrago e morte certa para ambos e quem quer que chegasse perto. não sairíamos vivos, nem eu e nem você. e ainda assim o peito latejava de amor crescente, mesmo sabendo que não duraria muito mais que alguns momentos. motivos diferentes nos prendiam e aprisionavam em rebentamentos que o outro não iria suportar. tuas razões não eram compreensíveis aos meus ouvidos e as minhas não chegavam a tocar teu coração.

diferentes demais,

e um amor igual.

te amava para sempre mesmo sabendo que ele podia acabar no dia seguinte. porque ainda que te amasse muito, com tudo de mim, eu compreendia que iria te destruir.

que você me destruiria.

que esse tipo de amor acaba com um final trágico de filme e duas pessoas acabadas.

e quem seriam Romeu e Julieta perto de nós dois.

Vanessa Gomes voarias
Enviado por Vanessa Gomes voarias em 07/03/2021
Código do texto: T7200848
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