O Rio Tietê pede socorro
Sou um rio tão rico,
Mas também tão pobre...
Por piedade suplico
Façam-me um nobre.
Antes estava tudo bem,
Mas o progresso chegou.
Não fiz mal a ninguém,
Mas a cidade me machucou.
Onde estão os poderosos?
Apenas ouço falar.
Parecem-me piedosos,
Mas quando irão me limpar?
Entra ano e sai ano
E continuo a esperar
Por todo o povo eu clamo
Que não querem colaborar.
Não esqueço do meu passado.
Onde estão os meus peixes?
Não sou mais um verdadeiro
Sou um rio que padece.
Nas duas pontas sou lindo
Por que no meio não?
Preciso ser limpo
Peço portanto, muita atenção.
Quero águas cristalinas,
Cheias de borras não
Em mim você jamais imagina...
Encha de fezes a sua casa, eu não.
Autor: Antonio Cícero da Silva (Águia)
Poema publicado (participação) no livro: Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas: Uma História no Seu Tempo, Scortecci Editora, 2007, São Paulo.