Palavras ditas ao meu (des)amor.
Meu querido, causador das minhas insônias e medos, gostaria de começar com as três palavras jamais ditas à você, para que posteriormente eu possa seguir este texto.
Eu te odeio.
Um ódio que começou de uma maneira muito desastrosa, mas que aos poucos foi se encaixando e se tornou exatamente tudo que um dia pude sentir (graças a minha aceitação de sofrimento); você pode não concordar com o que estou dizendo, até porque eu sempre senti tudo por dois em todos os aspectos, logo, para você tudo se tornou fácil.
Algumas vezes escutei da sua boca palavras como: estou com saudades, quero te ver e você está me mudando, mas até então não tinha percebido seu interesse pessoal em dizer certas frases prontas, pois quando amamos perdemos a razão e ficamos surdos diante de palavras ilusórias.
Durante meses fiquei refém de uma paixão que desgastava meu psicológico e que muito mais me fazia chorar e ter medo de te perder do que de fato sentir alguma sensação boa em relação a você.
Romantizei um afeto que nunca existiu, desde as nossas idas à espetáculos até a perca da minha virgindade.
Algumas vezes você fraquejou em sua "superioridade masculina" e deixou de súbito sair da sua boca palavras verdadeiras, mas que por vários motivos nunca entenderei, pois segundos depois você deixava aquela figura de alguém que se importava desaparecer e, com a maior brutalidade já presenciada por mim, aparecia um homem extremamente rude e cheio de grosserias usadas para me atacar.
Muitas vezes eu simplesmente me calei e fiz tudo o que você queria, pintei meu cabelo, alisei, fiz maquiagens que me caiam tão bem quanto uma máscara, mudei meu jeito de falar, perdi meu sotaque, emagreci por métodos muitas vezes dolorosos e exagerados, só para te ver feliz e também mudei meu comportamento porque você dizia odiar pessoas alegres demais.
Tornei-me um molde perfeito da pessoa que você dizia desejar, mas mesmo assim você não me quis.
Depois de longos e intensos meses, finalmente consegui me libertar do que tínhamos, que por sinal não consigo definir até hoje o que era.
Você não compreendeu como consegui sair das suas mãos, pois sempre me viu como uma cachorrinha submissa e ingênua da qual nunca fez nada sem a aprovação dos outros.
Quero te dizer por estas palavras que eu aprendi a levantar, por mais demorado que foi aprender, eu consegui.
Aprendi por causa das suas humilhações à mim em público, dos tapas, beliscões, desapego e seu interesse em me ter perto apenas quando não tinha a quem recorrer para satisfazer seus prazeres obscuros.
Por mais difícil que tenha sido, eu aprendi e me orgulho disso.
Uma das poucas coisas que não me arrependi depois desses meses, foi nunca ter dito um eu te amo, pois você nunca mereceu, nem nunca sentiu algo parecido em relação a mim.
Todas estas palavras são ditas hoje com a confiança de alguém que se tornou uma pessoa guerreira e confiante.
Espero que você leia, reflita e mude com as próximas pessoas com quem irá se relacionar.