Rompimento com a dor
Hoje eu vou permitir-me... Permitir-me a fazer o que eu quiser desta dor, e azar o dela se não se aperceber disso. Azar desta mórbida dor que insiste em caminhar comigo, a meu lado, em cima, em baixo, na sombra, nos sonhos, na minha vida. Envesgo os meus olhos para ela e para o que ela me dá...São só lágrimas em silêncio, choro amarfanhado, e uma raiva escondida, e uma tristeza intemporal há largo tempo, e qual a minha vontade, que é partir em direcção ao acaso, onde ninguém me encontre, ninguém me veja, ou saiba da minha existência... Lá no acaso, sei que verei o rio, o céu e algumas nuvens, e a atravessá-los o arco- íris que pousa sobre mim, como que fazendo uma aliança comigo, de que ali serei só eu, só o meu mundo e Deus como companhia. E sei que Deus nem me perguntará o porquê de ali querer ficar, pois Ele tem o dom maravilhoso de me amar e o dom extraordinário de aceitar sem questionar-me os meus longos silêncios...
Hoje vou permitir-me a abandonar esta dor, que me agonia...