Falsa calmaria
Ao seu lado tudo era calma, como se estivesse flutuando sobre um rio, bloqueando o som do exterior, pensando que iria ficar assim para sempre. Tinha até esquecido, que a água é instável, que flui mas às vezes também seca ou transborda, que dá a vida mas que também pode matar; esqueci-me de que água às vezes também é amarga como são as lágrimas. Então a calma desapareceu, transbordou em gritos o silêncio que não queria ouvir, a sufocar com palavras presas porque não poderíamos fluir juntos. Tínhamos o mesmo caminho, mas não éramos mais que água estagnada. Então coloquei-te na água, esperando, a tentar e a pensar que fluiríamos, quando no fim, só deixava-me levar por você.