Eu não tenho mais pai

Sim, eu decidi que não tenho mais pai. Na verdade,eu nunca tive. Hoje mesmo, quando eu estava estressada por causa da insuportável Yorkshire da minha irmã,que estava perseguindo o coelho, ele ficou zombando de mim e dizendo que a cadela faria o pobre coelho morrer de um ataque cardíaco.Esta segunda-feira, em que eu apresentei meu trabalho de conclusão de curso, ele me disse que eu só fazia tudo errado e não pensava. Bem,no dia que eu apresentei, eu tirei nota dez e as professoras da banca me elogiaram, dizendo que era um tema fantástico. E, depois de tudo isso, eu conversei com mãe que, antes de terminar o trabalho, ele fazia pressão em cima de mim todos os dias, perguntando quando eu o terminaria e dizia que eu havia escolhido um tema ruim, que agia sem pensar e não sabia escolher o tema, mas tê-lo deixado escolher para ele fazer o trabalho. Uma vez, ele até pensou em escrever uma carta para minha professora orientadora, na qual dizia que eu era a culpada pelo trabalho não estar pronto.

Eu sempre digo que ser boa filha só me ferrou. Meus irmãos são irresponsáveis e egoistas e nunca ajudaram em casa, enquanto eu sempre estudei, tentei arrumar emprego e ajudei em casa. Mas meu pai está botando o meu irmão para aprender a dirigir. Quanto a mim, ele diz que não tenho capacidade.E ele sempre faz pressão em cima de mim, dizendo que tenho que fazer isso ou aquilo,como se eu fosse uma criança irresponsável. Ele quer mandar na minha vida o tempo todo e vive escrevendo cartas para bajular os políticos,mandando-me digitar porque não sabe nada de computação. Nem mesmo agradece, já que me faz perder horas digitando e, se o trabalho não sai como ele gosta, diz que sou uma lástima e nunca conseguirei emprego ou serei nada na vida.

Quando eu era pequena,ele sempre dizia que minha irmã era inteligente e eu, burra. Hoje, quando meus irmãos fazem grosserias comigo, ele fica fazendo piadas para me irritar mais.Aliás, ele adora fazer piadas com coisas que me magoam. Há tempos, um pit bull matou um gato meu e ele, até hoje, faz piadas com o episódio.

Meu pai inventa mentiras para me fazer passar por uma pessoa ruim. Ele já inventou que professores meus foram se queixar com ele que eu era bruta e os maltratava e que colegas de escola ou faculdade tinham dito que eu só tratava as pessoas com grosseria.

Quando eu me pergunto quando eu comecei a deixar de pensar nele como meu pai,penso que foi quando eu tinha seis anos, quando ele bateu nas minhas costas de punho fechado com toda a força, sem que eu tivesse feito nada. Depois,quando eu fui reclamar com mãe, ela perguntou e ele mentiu que só tinha dado "um tapinha no bumbum que não tinha doido."

Ah,hoje, ele foi mentir para mãe que eu o tinha chamado de velho nojento e safado. Na verdade, eu só disse que ele era um velho peçonhento.

Portanto, ele nunca foi, realmente, meu pai.