ME SINTO NARCISO
Às vezes me sinto Narciso, não com a sua beleza, mas com suas angústias. Vejo-me depauperado, com a sombra de mim mesmo atravessando o Rio Estige e debruçando sobre o barco de Caronte para avistar-me na água eterna.
No inicio, quando localizei a minha Vivi, tive certeza que ainda estava no “espelho do rio Estige”, vendo-a em mim e me vendo nela. Ela era a deusa sábia e santa, cujo rosto divino tem um brilho forte demais para o olhar humano, então, eu me transformava em “encantado” para tê-la por inteiro, e buscava forças nos céus para percebê-la em suas várias formas-deusas.
Quando a toquei, percebi que estava com a deusa Hécate – divindade misteriosa, às vezes identificada com Diana e, outras vezes, com Prosérpina. Como Diana, representava o esplendor da noite de lua cheia, a deusa da bruxaria e do encantamento, mas a Diana foi-se e a Prosérpina se instalou em seu ser, me deixando enfarado.
Hécate, deusa do mundo dos mortos, lhe rogo, assim como fez Medéia, que invocou os deuses dos bosques e das cavernas, das montanhas e dos vales, dos lagos e dos rios, dos ventos e dos vapores, que o fez com tanta força enquanto falava, que as estrelas brilharam com mais intensidade eu, vos peço, em nome de Télus, deusa da terra, cujo poder é capaz de produzir as plantas eficazes para o encantamento, que me devolva a VIVI, a “primeira”, a minha menininha encantadora e, leve na carruagem de Medéia essa outra, a “prejudicada”, a que só reclama e é ingrata. Eu preciso dos encantamentos da minha VIVI para viver aqui e no espaço celestial.
“Entendo que o caminho espiritual é o que há de mais significativo na existência de uma pessoa. Se existe um sentido da vida, ele acontece quando alguém se dedica a um propósito espiritual.
As religiões são os meios para trilhar esse caminho. Servem de norte, de orientação nas etapas, mostrando os marcos das conquistas e o plano do que virá a seguir. Em algumas circunstâncias são também o chamariz, o atrativo ou ainda o lenitivo e o amparo, atendendo aos desejos e necessidades prementes que costumamos chamar de demandas da vida.
Querer o caminho é o primeiro passo. Mas é preciso sair da intenção e partir para a prática metódica, disciplinada e compromissada, imbuída de muita persistência.
O esforço é fundamental.
Confúcio disse: “Aos 15 anos meu coração concentrou-se com rigor nos estudos, aos 30 anos pude manter-me em pé, aos 40 abandonaram-me as dúvidas, aos 50 anos conheci o Decreto do Céu. Aos 60 anos, meus ouvidos abriram-se docemente para a Verdade, aos 70 anos pude seguir os desejos do meu coração sem transgredir nunca com a regra. Aplicai o vosso coração ao Tao (a doutrina).. Que maravilhoso seria aprender pela manhã o que é o Tao e morrer pela tarde.”
Com o tempo o caminho passa a ser trilhado sem esforço, torna-se nossa própria natureza e seus frutos são sempre doces”.