Teatro particular

Acabou a espera, o medo, a duvida, a raiva, ou esses sentimentos teriam simplesmente se camuflado, e essa paz que me invadiu não passa de ilusão! Experiências passadas me levam sempre para o lado pessimista, infelizmente, sempre que acumulo muitas expectativas sobre algo acabo me machucando, tipo de coisa que não agüento mais. Como eu desejo que dessa vez dê certo, que meus planos juvenis, inocentes, e principalmente improvisados, mesmo que por um passe de mágica dêem certo.

Aspiro responsabilidade, desejo novidade, esse marasmo que tomou conta de mim por árduos seis meses já me atrapalhou demais, estou novamente em movimento, novamente sonhando com meu futuro e com minhas conquistas, que não tardarão em aparecer aos montes. A rotina de um escravo do tempo, no que depender de mim, jamais me encontrará novamente, foram tempos difíceis e de grande valia, mas se foram e não me interessam mais do que um lembrete rápido de um assunto passível de esquecimento.

O que é a vida, senão a busca intensa e continua pelo novo? Novos amores, novas paixões, novas escolhas, novas situações, nesse caso não importa a qualidade e sim a quantidade.

Atos já encenados, cenas ultrapassadas não me satisfazem mais, e a cada repetição meu instinto me faz querer partir, sem olhar para trás, me faz querer abandonar esse teatro que por tanto tempo chamei de vida, esquecer tudo e todos, e encontrar novos e desconhecidos personagens para meu espetáculo particular.

E nesse momento a culpa me toma, como eu poderia abandonar tantos de meus amores, tantos de meus momentos, e toda a intimidade conquistada a cada segundo de existência mutua? E a resposta é obvia, não posso fazer isso, por maior que seja minha vontade, é claro que posso escolher aqueles que terão participações principais na minha história, mas não posso controlar aqueles que me escolhem para a vida deles, aqueles que têm tanto direito quanto eu, os diretores/personagens de varias outras vibrantes e inesquecíveis encenações.

Não é conformismo é só ponderação, nunca alguém teve total direito de escolha, a palavra democracia é uma piada infame, todos nós estamos sujeitos a influências sejam elas aleatórias ou não, e são essas casualidades que nos definem como um todo, nosso livre arbítrio só faz efeito depois de descontarmos esse relevante fator, ai sim, fala-se de liberdade de escolha e tantas outras idéias bonitas e inspiradoras.

Talvez um dia eu consiga dar um fim a este meu debate interno e singularmente confuso, talvez um dia eu consiga me expressar claramente a ponto de me aliviar de todas as duvidas, ainda consigo acreditar, ainda...

Rimoli
Enviado por Rimoli em 27/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2401645
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