Um olhar apenas
Eu te acompanho na caminhada de todos os dias.
Uma caminhada estéril com brisa leve.
Estranha.
Queria o olhar junto, dentro, perto.
O entendimento através dele.
Palavras não seriam necessárias.
Olhares que se cruzam e se alimentam..interrogam-se ,
pouco se entendem.
Queria olhos apaziguados na ternura da compreensão do tudo que não existe.
Pedaços de caminhos mal traçados ,descaminhos generalizados.
Queria o impossível.
Será que haverá sempre um 'mal querer' ?
Está subentendido , não sei...
mesmo que haja esforço , algo nos acompanha e nos afasta. Não é um mal querer verdadeiro. Isso me consola.
Que nome daria a esta insatisfação?
Muitos dos meus risos são falsos, meus silêncios, mentirosos...
Quando me calo , estou a explodir em palavras estranguladas na garganta , e
quando aparecem são vãs e mal feitas.
Orgulhosos que somos daquilo que na
verdade não temos, nem sabemos ,não falamos ,não exploramos...
Um nada inconformado que se submete aos desígnios do tempo. Caminhamos num espaço
perdido, que não existe e nem existirá.
E entre um riso e uma lágrima.. apenas o encontro no cotidiano : um olhar irrequieto à procura de um
estranho...que a distância prudentemente afasta.
Todos os dias.
janeiro 05