O ÚLTIMO CARTÃO
O ÚLTIMO CARTÃO
22 HORAS E TREZE MINUTOS.
Cartão na mão,
Procuro um orelhão!
Estou ansioso,
por saber qual o motivo,
o assunto...
que ela deseja conversar comigo.
Ansioso sim!
Mas tranqüilo,
pois desde o início,
conscientemente
Eu já previa...
o final de nossa história!
Nossa história?
Sim!
Todos têm uma para lembrar,
recordar sentindo
saudades...
Todos têm sempre,
uma história marcante,
em nossas vidas!
Ahhhhhhhhh...
Eis aqui um orelhão.
Paro.
Aperto números...
um, dois e três toques...
uma voz,
não sei de quem
e nem importância tem.
A operadora informa que este número não existe!
Puxa,
pensei...
errei o número do telefone
da residência dela.
Verifico para confirmar,
qual o número certo.
Sim,
Havia errado!
Coloco o cartão de novo.
No local certo e disco...
de lá surge...
sua voz linda,
meiga,
tranqüila
e iniciamos a conversa!
Sentindo o final bem próximo...
intuição?
Claro,
sou muito intuitivo!
Cumprimentamo-nos,
como sempre.
-Estava desejando falar com você
e você não ligou, afirmou ela.
-Sim amor, liguei, respondi-lhe
e prossegui,
outro dia estava na praia e não consegui ligar.
Liguei para o número antigo
e para o novo que enviaste via mensagem-celular.
Seu celular estava desligado ou fora de área.
Hoje liguei para sua casa.
E quem atendeu foi sua irmã e você tinha saído.
Informou-me que estavas com o celular.
Liguei para seu celular,
8, 9, 10 toques
e a resposta foi a mesma:
•celular desligado ou fora de área.
Liguei para o número antigo,
a resposta foi idêntica!
-Sim, afirmou-me,
eu e duas colegas saímos,
fomos tomar um chope,
cheguei agora mesmo.
E prosseguiu:
você lembra que eu havia dito
que se algum dia,
encontrasse alguém...
- Sim, amor, respondi secamente, lembro!
- Pois é, respondeu-me,
outro dia encontrei alguém
num barzinho.
Ele pediu para namorar comigo e aceitei...
Conversamos...
eu querendo dizer muito e ela também...
Mas,
Conseguimos dizer o que desejávamos.
Tudo o que naquele momento,
precisávamos dizer um para o outro!
......
...............
...............
Aconselhei-a que
procurasse verificar
quais as intenções reais dele.
E prossegui.
Amor,
meu amor por você fica inalterado,
continuarei gostando de você!...
Porém você precisa,
como eu fiz,
quando tinha sua idade,
aproveitar sua juventude
praias... passeios... barzinhos...
Eu sempre desejei que você fosse feliz,
nada alterou,
continuo com o mesmo desejo sem importar-me
comigo!
Minha felicidade será a sua.
- Sim, Mágico de Ós,
também te quero muito...
e já comentei com ele,
sem entrar em pormenores,
a seu respeito!
E continuou ela:
- Quero-te muito bem, ÓS!
Muito, ÓS,
você foi o único,
até hoje,
a acreditar em mim,
incentivando-me sempre,
apoiando-me,
acreditando em mim!
Estou muito bem no curso,
muito bem,
amanhã vou fazer máscara
e massagem na minha irmã
estou feliz por estar aprendendo!
- Sim, querida, respondi,
sempre desejei sua felicidade.
Nosso amor é espiritual...
E senti um “apertozinho” por dentro...
mesmo sabendo o ela queria...
falar comigo...
Era isto mesmo,
o final...
Mesmo sabendo desde o início...
que o final seria este.
Mas...
Eu nunca pensei que usaria,
neste final,
este cartão,
o último cartão de celular!...
Despedimo-nos...
Com a bengala apoiando-me
fui andando devagar
e pensando...
recordando-me
de tantos momentos lindos...
entre nós!
Senti,
realmente o fim
de nossa história de amor...
Parei,
tirei o cartão do bolso,
olhei,
vi e li a seguinte
inscrição:
-“O Brasil é todo seu”
E prossegui,
caminhando,
apoiando-me,
naquele momento,
no único amigo perto,
-Minha bengala!
Nunca esquecerei:
-foi a noite
mais longa em minha vida!
Acordado,
quieto na cama,
mesma posição,
recordações passavam,
rapidamente,
em pensamentos misturados,
ansiedades, tristeza, alegrias,
momentos inesquecíveis,
mágicos e...
felicidade,
mantendo fixamente,
na mente: “-O BRASIL É TODO SEU!”