Entre irmãos - Lc7
Então [Jesus] lhes disse: Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘Amigo, empreste-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer’. E o que estiver dentro responda: ‘Não me incomode. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados” (Lucas 11.5-6).
Esta foi a parábola, em nossa última análise de Lucas, em que buscamos alguns dados (dentro da Escritura que não pode mentir ou se contradizer) que nos indicasse com mais precisão sua correta interpretação: o tempo, os personagens envolvidos, a condição da casa e os pães requeridos. Ali chegamos à conclusão de que se referia ao tempo final da tribulação para o povo de Israel, quando eles buscariam pão em casa de certo amigo de porta fechada, ante a visita (ou revisita) inesperada do seu Messias.
Mas agora voltaremos nosso olhar, sobre os mesmos 4 pontos analisados anteriormente, focando a Igreja corpo de Cristo na era presente.
1)Quanto ao tempo – o juízo da meia-noite:
É uma pena que ‘falsos doutores’, com suas manhas e artimanhas, tenham introduzido no seio da Igreja gloriosa de Cristo a falsa percepção de que ela deve ou precisa passar pela tribulação, ou pelo menos por metade dela. A Igreja comprada com sangue, numa oferta única e consumada para todo sempre, nada tem a ver com esta hora sombria de julgamento mais atroz. A justificação perfeita, a santificação completa e a glorificação garantida na morte do mais sublime Sacerdote, não podem permitir que santos de uma Igreja resgatada com tão precioso sangue adentrem, sequer um segundo, neste período de prestação de contas derramado sobre toda a terra. Nosso Amado Substituto já padeceu todo o juízo que nos era contrário, garantindo-nos por associação “uma porta aberta no céu” (Ap 4.1)
Para não sermos longos neste tópico, deixo o link de outro livreto que aprofunda o assunto – https://online.fliphtml5.com/otzwa/vots/ – Pré ou Pós Tribulação?!
2)Distinção entre os personagens: a) os irmãos do corpo de Cristo; b) Deus – o primeiro amigo integralmente favorável; c) o amigo chegado da viagem – não o Messias de Israel, mas o Senhor da Igreja:
a)Se Israel era constituído de amigos de Deus, a Igreja gloriosa neste tempo que se alonga por 2000 anos tem o privilégio de ser constituída por irmãos – “Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hebreus 2.11). Houve um acréscimo de intimidade pela morte de Jesus.
b)A resposta dura e cruel do amigo que, num primeiro momento, não lhe abre a porta e não quer ajudá-lo, é bem diferente da condição da Igreja perante Deus hoje – “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10.19-20).
c)Nós, cristãos, não aguardamos um Messias salvador, uma vez que já temos sido aceitos no Amado e perfeitamente salvos – aguardamos a vinda do Senhor, e o intrigante comentário de Tiago indica duas vindas a grupos obviamente distintos.
“Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras [arrebatamento?] e as últimas chuvas [vinda gloriosa do Messias?]” (Tiago 5.7).
3)Quanto à condição da casa – as portas estão generosamente abertas dia e noite:
Se Israel, representado por aquele amigo em busca de pães, encontra a porta fechada e deve insistir por abri-la, não é o caso da Igreja que tem suas portas abertas e convidativas. Desde a morte e ressurreição de Jesus uma condição única é encontrada – “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (João 10.9).
A uma das igrejas de Apocalipse é garantida total abertura – “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3.8).
4) Quanto aos pães requeridos – a Igreja tem um novo pão totalmente à disposição das suas necessidades, sem pagamento, insistência ou dificuldade:
“E, quando comiam [na ceia pouco antes de sua crucificação], Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mateus 26.26).
Ninguém, que seja minimamente imparcial, deixará de perceber que há momentos, conceitos e diretrizes que são únicos para o primeiro povo (o terreno) e para o segundo (o celestial).
A parábola do amigo inoportuno é toda ela conceituada sobre o primeiro povo, aquele indisposto ao Messias sofredor do passado, mas que, pela necessidade mais atroz, ainda clamará em uníssono pela Sua vinda gloriosa, como já profetizado.
“Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Lucas 13.35).
Como já comentamos, Israel voltou à sua terra – mas não ao seu Deus, e muito menos, em confissão e arrependimento, ao Messias rejeitado!
A seguir apontaremos certo sinal no mar acentuando esta rejeição.