LUCAS em foco! - Lc1
Lucas é o livro mais longo dos Evangelhos. Já em sua introdução faz questão de frisar seu zelo cuidadoso, já que não era do grupo dos apóstolos – “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio” (Lc 1.1-3).
Seu livro meticuloso sobre a vida mais graciosa que a humanidade jamais mereceu, liga o escritor, pelo significado de seu nome ‘aquele que traz a luz’, ao leitor ‘amado por Deus’, no significado do nome Teófilo.
Lucas foi o homem escolhido para trazer mais luz aos amados de Deus.
E juntamente com este evangelho, seu livro histórico de Atos é imprescindível para o bom entendimento do chamado dos gentios em substituição – transitória – ao corpo judaico.
Como vimos nas 2 análises anteriores, onde Mates e Marcos focam o Rei e o Servo respectivamente, Lucas mostra a face humana de Jesus. Em sua linha genealógica de Jesus, naquele zelo santo de escritor preciso, chega até Adão, o primeiro homem. O termo ‘filho do homem’ aparece 151 vezes neste livro. Esta expressão, aliás, não é típica do Novo Testamento, mas é utilizada cerca de 4690 vezes no Antigo, trazendo uma ligação e uma lição importantes de pensamento profético.
Mas passemos ao texto propriamente.
O anúncio do nascimento de João e Jesus é rico em detalhes, numa visão muito humana dos personagens, e Isabel e Zacarias são retratados com o devido cuidado. O cântico de Maria e Zacarias são exclusivos, bem como as adorações proféticas de Simeão e Ana.
Há uma sequência geral na história contada, mas os muitos eventos, discursos e milagres não seguem uma ordem precisa como nos demais Evangelhos. Lucas parece se preocupar mais com o fato do que com o tempo.
Seu trunfo, no entanto, é a descrição mais detalhada daquela que chamo ‘A última jornada de Jesus’– desde o momento em que “manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém” até ‘os dias para a sua assunção” (Lc 9.51). Esta derradeira jornada durará cerca de 4 meses. E será descrita em cerca de 10 capítulos, quase metade de sua narrativa.
Aliás, uma sequência ininterrupta textual e longa, não encontrada nos demais evangelhos, começa em 9.51 indo até 18.14 – quase 350 versículos exclusivos de Lucas.
Você pode acompanhar toda esta trajetória final em outro livro em que faço a compilação dos 4 Evangelhos em uma só leitura – https://fliphtml5.com/bookcase/lfvzmx/
Pérolas preciosíssimas somente são encontradas aqui – as vívidas parábolas do bom samaritano, do amigo inoportuno, do rico insensato, do servo vigilante, da figueira estéril, da grande ceia, da providência, do filho pródigo, do mordomo infiel, do juiz iníquo, do fariseu e do publicano, dos 10 servos e das 10 minas; a história de 2 homens que descem ao mundo dos mortos; os 6 ais proferidos contra os fariseus, escribas e doutores; as curas da mulher paralítica, do hidrópico e dos 10 leprosos. E nem mencionamos tudo...
Apesar de Lucas focar a face muito humana de Jesus, e naturalmente o termo ‘homem’ aparece mais vezes que qualquer evangelho, o vocábulo ‘Deus’ é citado 120 vezes aqui, proporção muito maior que nos demais.
Como se o escritor nos quisesse lembrar que apesar de focar o Homem, devemos nós mirá-lo com maior profundidade espiritual e admirar Sua perfeita divindade, pois...
“Desde agora o Filho do homem se assentará à direita do poder de Deus” (22.69).