As 10 cidades surdas - Mc6
Conforme ouvi uma vez de alguém... Deus trabalha estranho! Tinha proposto nestes comentários sobre Marcos comentar sobre 2 milagres únicos deste Evangelho – o cego curado em 2 etapas (na nota anterior chamada ‘O cego pela mão’) e a cura de um surdo retirado da multidão.
Tinha intenção de reunir os 2 casos naquela nota, mas acabei sem comentar este milagre e já tinha proposto escolher outro assunto. Mas algo me incomodava... e ao mesmo tempo não sabia o que devia mais relatar. Então pela manhã, naquele incômodo, reli o texto e... o Espírito soprou a chave de interpretação do evento – Decápolis!
“E ele [Jesus], tornando a sair dos termos de Tiro e de Sidom, foi até ao mar da Galiléia, pelos confins de Decápolis” (Mc 7.31).
Este conglomerado, como o nome grego indica, era uma liga de 10 cidades próximas ao mar da Galileia dos gentios, ao norte de Israel. Eram predominantemente pagãs e influenciadas pela cultura grega.
Mas é o número 10 que faz a ligação com algo mais sinistro.
“E eu [João] pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas [ou coroas], e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia” (Apocalipse 13.1).
Este será o poder confederado que em breve se levantará sobre o mundo, e nos moldes de Decápolis – pagão e predominantemente ‘racional’.
No entanto, esta união durará pouco tempo, pois seu objetivo é mais maligno e de maior alcance.
“Estes [10 poderes confederados] têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta” (Ap 17.13).
Mas voltemos ao milagre.
“E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele” (Mc 7.32).
Se ele falava com dificuldade, é porque não nasceu surdo, mas a surdez foi adquirida provavelmente na infância, quando aprendia a falar, gerando então a dificuldade na fala.
Eis o sentido espiritual da anomalia – os comichões nos ouvidos desta geração têm dificultado seu perfeito entendimento e aceitação das coisas espirituais, bem como gerado uma fala estranha ao Evangelho simples de Jesus.
“Porque virá tempo [e já vivemos nele] em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Timóteo 4.3-4) – eis o paganismo e a racionalidade ‘irracional’ desenfreadas em que vivemos.
E qual a solução para esta geração surda que entrará na tribulação futura? E mesmo esta geração ‘evangélica’ com comichões nos ouvidos e dificuldade de fala segundo o Espírito de Deus?
“E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela” (Apocalipse 18.4-5).
Não foi o que o verdadeiro Emanuel fez, simbolicamente falando, na cura do doente?!
“E, tirando-o à parte, de entre a multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe na língua. E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e disse: Efatá; isto é, Abre-te” (Mc 7.33-34).
Os ouvidos para o mundo devem ser tapados e reabertos pela Palavra Viva, mas somente depois da saída do meio da multidão – seja ela social ou eclesiástica.
Este grande Egito, esta grande Sodoma, esta grande Babilônia precisam ser desprezados, se você quiser adentrar à pátria celestial pelas portas.
Se você não o fizer, o grande Faraó que se erguerá o ‘convidará’ a sair dos seus termos, como aquele do passado.
“Então [Faraó] chamou a Moisés e a Arão de noite, e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel; e ide, servi ao Senhor, como tendes dito” (Êxodo 12.31).
Mas logo depois se arrependerá – “Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva?” (Êx 14.5).
O anticristo também fará este jogo duplo.
“E ele firmará aliança com muitos por uma semana [7 anos]; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Daniel 9.27).
A segunda história é complemento da primeira, pois Israel nunca se livrou perfeitamente do Egito.
E todos os ‘cristãos’ que ainda teimam em permanecer nos seus arraiais, também deverão aprender esta dura lição.