MARCOS em foco! - Mc1
Marcos é o livro mais curto dos Evangelhos. Como se fosse um breviário dos principais incidentes no ministério de Jesus, nada comenta sobre sua infância, principiando imediatamente com a pregação de João Batista no deserto e o batismo de Cristo. Poderíamos parafrasear inversamente o que Hebreus diz de Melquisedeque, quanto à sua memória inicial:
“Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante a [Melquisedeque], permanece sacerdote para sempre” (Hb 7.3).
Comparado com Mateus, embora contenha algumas inversões quanto aos episódios ocorridos antes da primeira multiplicação dos pães, no restante são idênticos, com alguns detalhes acrescidos e necessários para o objetivo do livro, e que vamos explorar.
Marcos oferece curtos sermões, e o número de parábolas é reduzido. Parece haver mais ação que fala. Seria, com o perdão da palavra, um ‘evangelho de bolso’, comparado com os demais.
Os milagres de cura e exorcismo ocupam boa parte do texto até sua entrada em Jerusalém. A partir dali, mesmo a morte e ressurreição são comentados de forma breve, concisa.
Um milagre em particular chama a atenção pelo estranho afastamento do doente e por sua cura em 2 fases, o que tentaremos explicar.
Se Mateus revela a face do Rei, Marcos oferece a face do servo.
As marcas deste verdadeiro servo estão no seu trabalho contínuo, incansável, honesto e bem feito, mas apreciado somente pelos que criam nele.
Outra ocorrência interessantíssima é o ato de Jesus ‘suspirar’, que só ocorre duas vezes, somente neste Evangelho.
E o que mais dizer deste santo e perfeito servo? Isaías contemplou seu triste semblante e, iluminado pelo Espírito, soube expressar como ninguém as profundas angústias de Sua servidão.
“Não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum... Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca... ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (Isaías 53).
Quanta condenação não paira sobre a rebelde Israel?!
“Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto” (Ap 18.7).
Desprezo, rejeição, dor, trabalho, opressão, aflição, moedura e enfermidade – são, têm sido e ainda serão a recompensa que convém ao seu brutal erro.
Que Deus nos ilumine a falar e ouvir o que deve ser ouvido e dito!