PROFETAS MENORES em foco - Pm1
Finalmente, os profetas menores! E se assim são aparentemente subestimados, certamente nada tem a ver com o alcance ou profundidade profética de suas obras, mas sim quanto ao volume escrito.
Os 12 profetas que passamos a analisar – de Oséias a Malaquias – ocupam comparativamente espaço pouco menor que o único livro de Jeremias.
No entanto, suas obras seguem os mesmos parâmetros dos profetas maiores – uma conjunção sétupla primordialmente sobre Judá e Israel, com algumas incursões sobre as nações gentílicas. O ciclo profético é bem conhecido – 1) rebeldia, injustiça e apostasia, 2) envio de profetas, 3) conclamação ao arrependimento, 4) anúncio de juízos apocalípticos no caso da impenitência, 5) indiferença ou hostilidade, por parte dos ouvintes, à mensagem e ao mensageiro em casos extremos, 6) cumprimento dos castigos prometidos, 7) graça salvadora ao final.
Faremos algo diferente do que temos proposto até agora. Ao invés de analisarmos cada livro separadamente, o que levaria forçosamente a volumes pequenos e visões repetitivas, agruparemos todos os 12 profetas em única análise, fazendo um apanhado geral de toda linha profética do Antigo Testamento, mais ou menos nos moldes do sétuplo encadeamento acima.
Os 12 livros parecem ter sido divididos em 4 grupos, e estes relacionados ao destino da mensagem profética, a saber:
1)primariamente para Israel antes do seu exílio – Oséias, Miquéias e Amós;
2)primordialmente para Judá antes do seu exílio – Habacuque, Sofonias e Joel;
3)para Judá após seu exílio – Ageu, Zacarias e Malaquias;
4)essencialmente para nações gentílicas – Jonas, Obadias e Naum.
O mesmo quarteto – sacerdotes, reis, profetas e povo – é instado ao arrependimento, nos moldes dos profetas maiores, numa linguagem pesada e sem rodeios, adequada a uma geração igualmente pesada e profana aos olhos do Senhor.
Quão difícil não deve ter sido para aqueles homens de Deus aceitar e levar avante sua incumbência! Mas todo aquele que quiser servir ao Senhor em integridade e verdade, não hesitará ao final em atender Seus pedidos, ainda que na contramão da comodidade individual, civil e espiritual.
Como condenar a fuga de Jonas ante sua comissão para Nínive, capital da Assíria, poderosa nação pagã e inimiga? Como autuar Oséias, ao tomar conscientemente duas mulheres profanas como sinal vívido do que o Senhor já experimentava com as rebeldes Israel e Judá?
E como não admirar um simples “boiadeiro e cultivador de sicômoros”, ‘tirado de seguir seu rebanho’, para lançar em rosto do rei de Israel e seu imundo sacerdote todos os seus crimes e pecados? Poderíamos recriminar alguma hesitação por parte deles, diante da dimensão e consequência da tarefa proposta e a prova pessoal gerada?! Você iria de braços abertos até o inimigo?! Ou podemos interrogar desta maneira – temos sacrificado, pela fé, nosso ‘status social’ em prol da graça indiscriminada e abrangente de Cristo?!...
Graves críticas – morais e espirituais, individuais e coletivas – são levantadas por estes grandiosos profetas, e gravíssimas punições lançadas em face de gerações impuras, rebeldes e arrogantes.
Joel, por exemplo, em seu zelo missionário, lançará bases indispensáveis de entendimento para as profecias apocalípticas que viriam muitos séculos após por João. Ou seja, Deus retoma bases proféticas iniciadas em tão pequenos livros, para agigantá-los ao final.
Não nos lembra aquela máxima de Hebreus? – “Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” (Hebreus 11.40).
Mas também há seu lado gracioso. Inúmeras profecias messiânicas, anunciando as condições da vinda do tão ‘esperado’ remidor de Israel, bem como as bênçãos do Seu reinado milenar, são pronunciadas pelos mesmos lábios condenatórios, nos mesmos moldes da atuação divina.
Estes ‘pequenos’ profetas falaram, e continuam falando. E assim como foram desprezados no passado, ainda são e serão, quando não desprezados ou mal entendidos, ‘selecionados’ ao ‘gosto do freguês’, tanto no presente quanto no futuro.
“Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta” (Ezequiel 33.33).
Pois “nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5.18).