Honra pai e mãe
Honra pai e mãe
Autor: Tony R. de M. Rodrigues
São José, SC, 07/06/23 - 8h55.
Não devo falar mal da mãe que tenho
mas isso não se deve a que eu não possa
porque, embora muito amável esta moça,
o seu humor também consegue ser ferrenho.
(Verdade seja dita, no entanto:
sinto-me ovelha, mas nunca fui santo).
O pai de minha mãe, que já morrera,
um homem firme e honrado sempre fora.
Aos nove foi-se, órfão, mundo afora,
constituiu vida e família concebera.
Um fato - talvez vã coincidência -
é que também aos nove dei ciência
da ida de minha mãe para outro lado.
Meu pai incendiou a nossa casa
e, após separação, bateram asas
minha mãe e dois dos manos muito amados.
Assim, apenas aos quatorze anos
reencontrei minha mãe e meus dois manos,
eu, que com outra mana conhecera
os lados A e B do amor que o pai nos dera.
Após idas e vindas do universo
o pai ficara no passado imerso
e reconstruímos, eu e minha irmã,
aquele antigo renascer a cada manhã
e com nossa mãe e irmãos nós conseguimos
vencer a infância dura do que vimos.
Hoje dou graças de ter iniciado
o meu caminho em outra cidade e estado
e ser, de minha mãe, um cuida(a)dor,
que também de mil cuidados necessita
e assim seguimos, mesmo que um ou outro insista
em reclamar do companheiro ao Criador.
Família é isto, mesma embarcação
a carregar mui diferentes almas
- e uma hora explode, outra hora acalma
o coração de minha mãe e o meu coração.
O pai de minha mãe, avô paterno
descansa a consciência em sono eterno
e ao meu, que também partiu desta vida
eu peço a Deus por bênçãos e guarida
porque, se aos vivos nós devemos amar-lhes
aos mortos não devemos perturbar-lhes
com tristes mágoas não bem resolvidas.
Ficaram mãe, irmão, irmãs, amigos:
Que mais eu quero carregar comigo
pelo caminho que Deus abençoa?
Fica, meu pai, muito mais descansado
e parte a outro plano já iluminado
com as orações de quem lembra de tua pessoa.