A cidade sanguinária - Ez3
Embora o título desta nota indique somente uma condição descrita por Ezequiel ao falar da Jerusalém pré-destruição, vamos agregar a ela outras duas que se complementam para dar uma visão precisa do estado daquele povo naquele tempo.
A expressão exata ‘cidade sanguinária’ aparece 3 vezes em seu livro – 22.2, 24.6 e 24.9. Expressões aproximadas que levam ao mesmo tom de significado, várias outras. Vamos a um exemplo.
“Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Ai da cidade sanguinária, da panela que espuma por dentro, e cuja espuma não saiu dela!... Porque o seu sangue está no meio dela, sobre uma penha descalvada o pôs; não o derramou sobre a terra, para o cobrir com pó” (24.6-7).
A segunda expressão que dá base para a primeira é ‘casa rebelde’. Aparece nesta fórmula exata 13 vezes (2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2(2x),3,9,25; 17.12; 24.3) – ninguém fugia à regra. Vejamos um exemplo.
“Filho do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque eles são casa rebelde” (12.2).
Jesus mesmo, a partir de sua rejeição por parte dos líderes religiosos do seu tempo, usou exatamente esta figura tão conhecida dos ‘olhos e ouvidos fechados’ para condená-los.
A terceira expressão (que é o resultado quase palpável da anterior) conota um certo sarcasmo da parte de Deus – ‘quer ouçam, quer não’. Não ouviriam, como Ezequiel bem notou e anotou.
“E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber, contudo, que esteve no meio deles um profeta” (2.5).
Juntamos estas 3 figuras – ‘cidade sanguinária’, ‘casa rebelde’ e ‘quer ouçam quer deixem de ouvir’ – utilizadas pouquíssimo tempo antes da destruição final de Jerusalém por Nabucodonosor, para comparar com o estado do mundo em que vivemos, no momento em que você lê esta nota.
Assim como Israel foi insistentemente advertido por Deus que seus pecados O forçavam a castigá-los, também nestes últimos dias Deus tem dado sinais claros de que tudo está chegando ao fim, e que Ele será obrigado novamente a castigar esta geração sanguinária, rebelde e com comichões nos ouvidos para desprezar Seus protestos.
Façamos então uma busca rápida de alguns termos que comparam o estado de Israel pré-destruição e nosso mundo pré-tribulação, lembrando que a Igreja – corpo de Cristo – não experimentará sequer um segundo deste castigo. Tomaremos por base a descrição de Paulo do castigo imposto sobre a humanidade que desprezou a Deus e que, passados tantos séculos, aprimorou sua corrupção ao nível máximo, naquela figura tão conhecida – um pouco de fermento leveda toda a massa.
“E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de a) toda a iniquidade, b) fornicação [ou prostituição], c) malícia [ou devassidão], d) avareza, e) maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, f) malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo o juízo de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam)...” (Rm 1.28-32).
Agora passemos a Ezequiel descrevendo a condição daquele povo em iminência do juízo de Deus, porém parcial e circunscrito.
a) “Para que lhes falte o pão e a água, e se espantem uns com os outros, e se consumam nas suas iniquidades” (4.17).
b)“Assim farei cessar em ti a tua perversidade e a tua prostituição trazida da terra do Egito; e não levantarás os teus olhos para eles, nem te lembrarás nunca mais do Egito” (23.27).
c) “Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Como te esqueceste de mim, e me lançaste para trás das tuas costas, também carregarás com a tua perversidade e as tuas devassidões” (23.35).
d) “Presentes receberam no meio de ti para derramarem sangue; usura e juros ilícitos tomaste, e usaste de avareza com o teu próximo, oprimindo-o; mas de mim te esqueceste, diz o Senhor DEUS” (22.12).
e) “Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê” (9.9).
f) “Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que eles fazem aqui” (8.9).
Acho que não precisamos continuar. Aquela geração última, condenada ao castigo do desterro, da destruição e da miséria, é exemplo claro do castigo atroz que se abaterá sobre toda a humanidade, em todos os cantos, sobre esta nossa última geração. Nosso fermento da corrupção e da degradação chegou ao limite. Deus intervirá – nos limites de sua Santidade.
“Eis aqui o dia, eis que vem; veio a manhã, já floresceu a vara, já reverdeceu a soberba... Vem o tempo, é chegado o dia; o que compra não se alegre, e o que vende não se entristeça; porque a ira ardente está sobre toda a multidão deles” (Ez 7.10-12).