EZEQUIEL em foco! - Ez1
Alcançamos agora Ezequiel, terceiro profeta maior.
Em Isaías, vimos o anúncio profético do cativeiro de Israel, porém sob perspectiva de que ainda havia condições para arrependimento (pouco mais de um século antes do cativeiro).
Em Jeremias, embora tenhamos visto que ainda Deus buscava arrependimento de seu povo, parecia no entanto que não havia mais condições espirituais para tal (sua profecia iniciou aproximadamente 40 anos antes do cativeiro).
Ezequiel, no entanto, tem uma posição diferenciada – já no cativeiro sob castigo parcial de Israel. Os dois primeiros profetas tentavam reverter o juízo que se anunciava, Ezequiel avaliar a real dimensão do cativeiro em que vivia e confirmar a destruição total de Jerusalém, visto que ele foi levado cativo na segunda onda de invasão sob Nabuco (cerca de 10 anos antes do cativeiro final de 586 a.C.). Para acompanhar (em esquema sintético e dinâmico) as ações de todos os reis de Israel e Judá, você pode acessar - https://issuu.com/ministerioescrito/docs/deuses_e_reis
Ou seja, dois profetas contemporâneos e independentes profetizavam o mesmo fim trágico, porém sob condições adversas. Jeremias, de dentro de Israel e depois encarcerado em Jerusalém, agonizando até o cerco final – Ezequiel, já exilado e humilhado, afronta e confronta os do cativeiro na sua presunção – sem arrependimento – do seu retorno breve à terra.
Se Jeremias foi retirado de seu ministério sacerdotal (logo ao início de sua carreira como já comentamos) para a incumbência maior de falar as palavras do Senhor, Ezequiel, também de linhagem sacerdotal, nem iniciou sua carreira, visto que completa 30 anos já no cativeiro, portanto longe do seu amado Templo, e lembrando que o sacerdote começava sua profissão com esta idade. Era um sinal claro que o sacerdócio seria bruscamente interrompido para toda a nação, restando somente a profecia – ou o peso do Senhor.
Termos como – ‘casa rebelde’ e ‘cidade sanguinária’ – são a tônica impressionante nos discursos de Ezequiel.
Outra expressão que demonstra bem a rebeldia daquele povo, e infelizmente podemos estender para toda a humanidade neste tempo presente, é “quer ouçam quer deixem de ouvir”, pronunciada 4 vezes pelo profeta (2.5, 2.7, 3.11, 3.27).
Obviamente não ouviram, como os de hoje – cristãos e pagãos – também não têm ouvido.
“Porque virá tempo [e já veio] em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos [sensação desconfortável e irritante que causa a vontade de coçar... podendo ser causada por doenças subjacentes...] amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Tm 4.3-4).
Mas o que mais é digno de nota na introdução desta análise, é o caráter apocalíptico do livro, como que em continuidade à profecia de Jeremias. Aquelas 3 pragas que focamos insistentemente quando analisamos seu livro – espada, peste e fome – retornam agora em Ezequiel, como autenticação dupla exigida pela Lei – “o testemunho de dois homens é verdadeiro” (Jo 8.17). Muito de suas profecias ‘coincide’ com as visões apocalípticas de João.
Outra visão de extrema importância escatológica em Ezequiel é a retirada parcelada e derradeira da glória divina do tabernáculo de Salomão. Jeremias nada disto viu, mesmo de dentro dos muros de Jerusalém. Ezequiel, no entanto, é elevado espiritualmente – se no corpo ou fora do corpo nada sabemos – até o Templo do Senhor para assistir toda a deplorável cena.
Mas terá depois o elevado e gracioso privilégio de revelar a planta do último Templo que será erguido para o período milenar, sob regência de Davi glorificado.
Deixaremos para as próximas notas o melhor de Ezequiel. Valerá a pena você conferir!
Falta bem pouco agora! Não tema!