O mal que vem e já está no Norte - Jr4

Dedicamos nossa nota passada descrevendo 3 castigos – espada, peste e fome – que antecederam o cativeiro babilônico do povo de Israel, mas que também estão sendo reprisados desde o início de 2020, e que ainda mais se intensificarão até a tribulação que breve se abaterá sobre o globo, representados nos primeiros 4 selos apocalípticos. Daremos atenção agora ao segundo castigo – a espada.

Em 24/02/22 começou aquilo que se denominou pelo atacante uma “operação militar especial” (https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/putin-autoriza-operacao-militar-especial-em-regiao-separatista-da-ucrania/).

Temos acompanhado em praticamente todo curso deste ano de 22, uma guerra que, enquanto ainda regional, tem avançado em outras frentes – um crescente número de países escolhendo e ajudando um dos lados (com armamento, efetivo humano, dinheiro e propaganda ideológica) e uma crise energética e econômica que já se abateu sobre boa parte dos países do mundo. Situação esta que agravou o que já vinha agravado pela peste global.

Analisando as passagens neste livro de Jeremias que convocam um certo povo ‘do norte’ para castigo de várias nações, temos pelo menos 7 textos indicando castigo exclusivo sobre Israel (1.15, 4.6, 6.1, 6.22, 10.22, 15.12, 13.20), e pelo menos 4 que indicariam uma abrangência ampliada (1.13, 1.14, 25.9, 47.2). Vamos ao primeiro caso restrito e praticamente microscópico sobre Israel, que servirá de tipo para o global ou macro.

“Portanto assim diz o Senhor: Eis que armarei tropeços a este povo; e tropeçarão neles pais e filhos juntamente; o vizinho e o seu companheiro perecerão... Eis que um povo vem da terra do norte, e uma grande nação se levantará das extremidades da terra. Arco e lança trarão; são cruéis, e não usarão de misericórdia; a sua voz rugirá como o mar, e em cavalos virão montados, dispostos como homens de guerra contra ti, ó filha de Sião. Ouvimos a sua fama, afrouxaram-se as nossas mãos; angústia nos tomou, e dores como as de parturiente” (6.21-24).

A interpretação primária e simples trata do império babilônico que logo sairia para conquistar toda a Palestina como castigo principal sobre Israel, e mais precisamente Jerusalém (fato ocorrido cerca de 586 a.C.). Ainda que Babilônia não estivesse localizada precisamente ao norte, geograficamente falando, contudo a invasão se deu a partir do norte das fronteiras de Israel, que é o ponto de vista profético do início do ataque.

Mas observe que já há uma cláusula acrescentada ao primeiro castigo “um povo vem da terra do norte” – uma grande nação se levantará das extremidades da terra. Ou seja, em tempo mais avançado, outra nação, de um ponto ainda mais distante ao norte, se levantaria como castigo, não só sobre Israel, mas sobre uma área muito mais ampla, ‘rugindo como o mar’. Este tempo avançado está atrelado à ‘angústia das dores de parto’, que lembram as palavras de Jesus no último e mais terrível cerco descrito em Mateus 24.

Vamos ampliar agora esta invasão primária de Babel (sob Nabucodonosor) sobre Israel, analisando aquelas 4 passagens mais acima mencionadas.

“E veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, cuja face está para o lado do norte. E disse-me o Senhor: Do norte se descobrirá o mal sobre todos os habitantes da terra. Porque eis que eu convoco todas as famílias dos reinos do norte, diz o Senhor; e virão, e cada um porá o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus muros em redor, e contra todas as cidades de Judá (1.13-15).

“Portanto assim diz o Senhor dos Exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras, eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra [Israel], e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações” (25.8-9).

“Assim diz o Senhor: Eis que se levantam as águas do norte, e tornar-se-ão em torrente transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a cidade, e os que nela habitam; e os homens clamarão, e todos os moradores da terra se lamentarão; ao ruído estrepitoso dos cascos dos seus fortes cavalos, ao barulho de seus carros, ao estrondo das suas rodas; os pais não atendem aos filhos, por causa da fraqueza das mãos; por causa do dia que vem, para destruir a todos os filisteus, para cortar de Tiro e de Sidom todo o restante que os socorra” (47.2-4).

Observe a linguagem sempre crescente:

Lado do norte – todas as famílias do lado do norte – águas do norte – torrente transbordante que alagará a terra e sua plenitude

Portas de Jerusalém – todas as cidades de Judá – sobre esta terra – todas as nações ao redor – todos os moradores da terra

A linguagem usada não permite uma interpretação meramente local, mas avança em direção do mundo, sobre todos os homens, como uma reprise global do que já foi local. E Jeremias pontuará esta narrativa com acento mais agudo, tentando acordar os sonolentos de hoje.

“Porque, eis que na cidade que se chama pelo meu nome [Jerusalém] começo a castigar; e ficareis vós totalmente impunes? Não ficareis impunes, porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos Exércitos.

Tu, pois, lhes profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramirá, e fará ouvir a sua voz desde a morada da sua santidade; terrivelmente bramirá contra a sua habitação, com grito de alegria, como dos que pisam as uvas [o mesmo lagar de Ap 14.18-20], contra todos os moradores da terra.

Chegará o estrondo até à extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; os ímpios entregará à espada, diz o Senhor.

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tormenta se levantará dos confins da terra” (Jr 25.29-32).

Poderia haver linguagem mais clara, contundente, precisa? E por que insistimos no povo do norte, do extremo norte, das extremidades da terra? Porque a Rússia, neste exato momento em que ataca seu vizinho, será – e já é – a porta de entrada para todo o resto da profecia.

Sua capital, Moscou, localiza-se geograficamente numa linha quase reta como o extremo norte de Jerusalém. E sabemos, por outra profecia do final dos tempos em Ezequiel, que Gogue invadirá Israel. Trarei, se nos restar tempo, um resumo de interesse dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel quando analisarmos seu livro.

O que importa entender por ora é que, assim como uma invasão vinda do Norte – sob Babilônia, já cumprida sobre Israel – levou muitos ao cativeiro e à destruição do restante, também hoje, no limiar desta era da Igreja corpo de Cristo, esta moderna invasão do Norte servirá tanto para cativeiro de uns quanto destruição de outros, além do que culminará na invasão futura de Israel. Tudo se repetirá. Temos o privilégio – ou o castigo? – de ver as profecias finais se cumprindo diante de nossos olhos.

Provavelmente, esta guerra iniciada com seu vizinho se ampliará drasticamente, mas sendo interrompida por um breve momento naquele pacto de sete anos que muitos farão com a besta que sobe do abismo e os enganará com sua falsa paz. No entanto, após a quebra deste pacto na metade da semana, este povo da extremidade do Norte será trazido de volta a Israel, tanto para seu castigo quanto para o povo de Deus.

“Filho do homem, dirige o teu rosto contra Gogue, terra de Magogue... E dize: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue... E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército... muitos povos contigo... Depois de muitos dias serás visitado. No fim dos anos [período tribulacional] virás à terra que se recuperou da espada, e que foi congregada dentre muitos povos [Israel desde 1948], junto aos montes de Israel, que sempre se faziam desertos... (Ez 3.2-8).

Nosso próximo assunto tem a ver com as similaridades entre o fim de Israel no passado e a Igreja sob esta nova invasão.