A oliveira verde - Jr2

Só há duas passagens em toda a Escritura que usam esta expressão exata – Sl 52.8 e Jr 11.16. Comentaremos somente a de Jeremias que nos interessa.

“Denominou-te o Senhor [falando de Israel] oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos, mas agora à voz de um grande tumulto acendeu fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos” (Jr 11.16).

Como já mencionamos em notas anteriores, a oliveira sempre fala de testemunho, seja ele bom ou mal (basta lembrar o raminho de oliveira no bico de uma pomba que testemunhava o fim do juízo noético), portanto se relacionando ao Ministério Profético. Aquela nação de Israel, santificada e separada dos povos ao seu redor, tinha por premissa básica apresentar através de sua Lei, sua fé e justiça prática o Deus vivo e verdadeiro a todas as nações com que mantivesse contato. Já Abraão muito antes recebera esta incumbência.

“E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” (Gn 18.17-18).

O Salmo 67 fala exatamente deste ministério profético de levar ao mundo gentílico o conhecimento da salvação poderosa e graciosa do Deus de Israel.

“Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe; e faça resplandecer o seu rosto sobre nós. Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação... Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos. Então a terra dará o seu fruto...”

Mas Israel, infeliz povo, escondeu o seu Deus para si mesmos, e deixaram o resto do mundo nas sombras da morte.

Esconderam (para não dizer ‘mataram’) o candeeiro celestial da salvação debaixo da cama, coisas que Jesus (falando primariamente de si mesmo) bem observou por parábolas.

“E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz” (Lc 8.16). Jesus não era a luz do mundo?!

Israel não só escondeu seu testemunho único e divino, como também impediu seus verdadeiros profetas de continuar falando, ao mesmo tempo em que abria suas portas aos falsos e impostores.

“E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam” (Jr 14.14).

“Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jr 5.31).

“Portanto, assim diz o Senhor acerca dos homens... que buscam a tua vida [de Jeremias], dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos” (Jr 11.21).

Obviamente, se a nação escolhida se calou, Deus não! Ele erguerá outros em substituição para esta tremenda responsabilidade.

“Portanto, eu [Jesus] vos digo que o reino de Deus vos será tirado [de Israel], e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21.43).

Aqui entra então a famosa figura de Paulo, tirada do texto de Jeremias que iniciamos este texto.

“Se, porém, alguns dos ramos foram quebrados, e você [gentio de outras nações], sendo oliveira brava, foi enxertado no meio deles e se tornou participante da raiz e da seiva da oliveira, não se glorie contra os ramos. Mas, se você se gloriar, lembre que não é você que sustenta a raiz, mas é a raiz que sustenta você. Então você dirá: "Alguns ramos [naturais, os judeus] foram quebrados, para que eu [gentio] fosse enxertado” (Rm 11.17-19).

Não se deve portanto entender por esta figura que Deus quebrou definitiva e irremediavelmente a nação de Israel, mas somente que sua responsabilidade profética ou testemunhal foi passada a outro povo – aquele que viria a ser o corpo de Cristo.

Quando o testemunho da Igreja se tornar impuro como o foi daqueles – e já chegamos a este tempo – Deus novamente tornará a usar Israel como meio de salvação entre o mundo condenado. Paulo continua sua visão explanativa.

“Dirás, pois: Os ramos [naturais-Israel] foram quebrados, para que eu [gentio-Igreja] fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também” (Rm 11.19-21).

Estas palavras finais de soberba da oliveira brava enxertada, ‘bate’ precisamente com as de outro profeta não menos iluminado.

“E ao anjo da igreja de Laodiceia escreve:.. Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.14-17).

Vivemos hoje, numa total inconsciência geral, nesta Laodiceia prevista. Muitos não admitirão, e outros tantos não crerão, mas a porta celeste em poucos meses mais se fechará: os que se mantiveram puros e incontaminados serão elevados aos céus – os demais serão vomitados neste mundo para receber a recompensa que lhes cabe na mais terrível era da humanidade.

Prepare-se!