Uma casa bem fechada! - Is5

É incrível e desconcertante como lemos mil vezes o mesmo texto e, de repente, quando menos esperamos, uma visão totalmente nova nos aparece. Uma palavra simples e aparentemente sem muito significado se eleva e descortina algo tão grande. Foi o que me aconteceu lendo a mais famosa das passagens que descreve a queda do anjo traidor.

“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva!... E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos?” (Is 14.12-17).

Apesar da parte final deste texto levar ao tempo final quando o anticristo promoverá uma perseguição atroz ao povo de Israel, forçando-o ao deserto dos povos, todo o contexto maior alude ao dragão, a serpente antiga, que também prendeu em uma casa sombria de julgamento todos os que morreram – salvos e perdidos – antes da primeira vinda de Jesus.

Esta casa só pôde ser aberta pois o mais valente entrou na casa do valente, venceu e o despojou para sempre. O valente usou do engano para fazer tropeçar o primeiro casal humano e aprisionar todos os seus filhos; o mais valente usou de Si mesmo como pagamento do preço desta ofensa por todos, mas libertar somente os que cressem.

“Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos” (Lc 11.21-22).

“Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto [ou entronizado à direita do Pai após sua ressurreição], levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto – ele subiu – que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra? [o lugar dos mortos – Sheol(hb)/Hades(gr)] Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4.7-10).

Por causa de seu sangue derramado para pagar nossos pecados e transgressões, todos os fiéis (propriamente suas almas e espíritos) do Antigo Testamento foram libertados deste lugar provisório, já que aguardavam ali – no tempo determinado – a vitória do Filho de Deus sobre a morte.

“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele [Jesus] participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb 2.14-15).

Ele não somente os libertou do medo da morte, como também da posição em que vinham mantidos nas “partes mais baixas da terra”.

Cristo saqueou do mundo dos mortos todos os santos que eram mantidos presos por aquele que “tinha o império da morte, isto é, o diabo”, para apresentá-los (obviamente somente os salvos pela fé), como despojo de guerra, ao seu Pai celestial.

Depois da morte de Cristo e da inauguração desta nova economia da Igreja, corpo de Cristo, todos os que morrem em Cristo não precisam mais aguardar naquele local inferior, mas têm o direito de serem recolhidos imediatamente à presença do Senhor, como confirma Paulo.

“Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (Porque andamos por fé, e não por vista). Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2 Co 5.6-8).

Podemos hoje, após nossa carreira vitoriosa neste mundo, subir imediatamente acima de todos os céus, sem passar pelo lugar provisório da morte como era obrigatório antes de Cristo.

E assim se cumpriria a mais gloriosa das vitórias de Cristo e seus filhos.

“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno [Hades], a tua vitória?” (1 Co 15.55).

Infelizmente não podemos continuar com o assunto, pela complexidade de sua estrutura. Mas você pode acessar outro livro nosso que se aprofunda nesta questão específica – https://issuu.com/ministerioescrito/docs/o_mundo_dos_mortos

Para finalizar nosso rápido comentário, citamos outra passagem de Isaías que fala de Ciro, quem permitiu Israel voltar à sua terra depois do cativeiro babilônico – figura do verdadeiro Libertador que viria mais a frente, não só para libertar a semente de Jacó, mas toda a humanidade das garras da morte e do inferno.

“Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro [“senhor”, de origem no grego Kyros], a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão [cf Mt 16.18]. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome... Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por preço nem por presente, diz o Senhor dos Exércitos” (45.1-13).

Volta óh Senhor, e congrega teus povos em tua casa celestial!