ISAÍAS em foco! Is1
Chegamos aos profetas maiores.
O tempo de cantar amores e salmodiar passou. É hora de prestação de contas.
Isaías, o primeiro na ordem dos quatro maiores profetas, abre acusação contra Israel, mais especificamente Judá e sua capital Jerusalém.
Sua atuação se dá “nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá” (1.1).
Estes quatro reis abrangem um período de cerca de 95 anos, indo do primeiro ano de Uzias ou Azarias (792 a.C.) ao último de Ezequias (697 a.C).
Certamente não profetizou pelo período todo, se levarmos em conta sua visão do capítulo 6 em que parece que Deus o comissiona a partir da morte de Uzias.
“No ano em que morreu o rei Uzias [c. 740 a.C], eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono... Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (6.1-8).
Levando então em conta desde a morte de Uzias ao último de Ezequias, teríamos uma pregação de 43 ou 44 anos, bem mais plausível.
O mais provável é que o Senhor já vinha trabalhando na alma do profeta antes do chamado propriamente, como que o preparando espiritualmente para o ministério. Quantas impressões o Senhor já não havia lançado em sua alma sobre o estado espiritual de seu povo e líderes?
Quanto aos 4 reis mencionados – alvos de sua profecia –, somente Acaz é dito que fez o que era mal aos olhos do Senhor, andando nos caminhos dos reis profanos de Israel.
Israel, constituída pelas 10 tribos do norte que se separaram de Judá sob Jeroboão logo após a morte de Salomão, é levada em cativeiro para Assíria em 722 a.C., cerca de 25 anos antes da morte de Ezequias, portanto 18 anos após o início das pregações de Isaías.
Era como se Deus, ao antever o cativeiro inevitável de Israel por sua separação espiritual de Judá, estivesse dando uma oportunidade para que Judá e seus reis contemporâneos – Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias – mantivessem um estado de prontidão espiritual que evitasse o mesmo flagelo.
Graças à atuação firme e espiritual de Ezequias, Jerusalém foi preservada do exílio Assírio, embora outras cidades pelo caminho tenham sido subjugadas, conforme algumas dicas de Isaías pelo seu livro.
Outras nações gentílicas são alvo de sua profecia, como Edom, Moabe, Síria, Etiópia, Assíria, Babilônia, Egito, Filístia (atual Palestina), entre outras.
O livro é recheado de profecias messiânicas, indicando em que condições o Messias exerceria seu ministério para com seu povo – tanto relacionado à sua primeira vinda quanto à segunda –, mas também lança muitas notas de seu rival futuro – o anticristo.
O triunfo inevitável da verdade divina, o caos instaurado na semana final de Israel, sua restauração definitiva e seu governo milenar global sobre os gentios também são adiantados pelo profeta.
Na verdade, há uma constante bipolar em Isaías bem como nos outros profetas maiores – castigo e restauração, sofrimento e bem-aventurança, pecado e perdão, desolação e repovoamento, exílio e retorno, escravidão e libertação final.
Um exemplo desta dualidade pode ser vista já em seu primeiro capítulo.
“Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra” (Is 1.9).
O alcance de suas profecias extrapolam em muito o tempo do próprio profeta, mas alça voo até os tempos do fim, e muitas vezes perdemos a noção deste tempo.
Deus nos ilumine em nossas próximas notas.