ECLESIASTES em foco! - Ec1

Tudo é vaidade – pelo prisma do grande rei Salomão.

Em seu auge de governo, fama e sabedoria, segundo indícios de seus feitos pela narrativa do livro, o dono de toda sabedoria humana chegou a esta conclusão inusitada. Tinha tudo que um homem poderia desejar, e poucos realmente alcançaram este patamar – mas sempre faltava algo.

Vou repetir sempre – a mesma Lei que os configurava como um povo único na terra, também os condenava pelo padrão infinito de perfeição divina. Foi o que Paulo arrematou.

“E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou” (Rm 7.9-11).

Começando pela sabedoria, já que ele ‘aplicou o seu coração a esquadrinhar, e a informar-se com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu’ (1.13), Salomão passou a provar seu coração com a alegria cotidiana dos mortais, se embriagou, edificou casas (inclusive a do Senhor), teve uma multidão de servos, amontou prata e ouro, proveu-se de músicos particulares, e, para arrematar, nas suas palavras – “Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma” (2.1-10).

Somos como um buraco negro que tudo traga à sua frente – mas continua sendo um buraco e negro.

Em meio às suas dores e incompreensão das relações do céu com a terra, ainda orienta seus leitores – ou talvez somente se justifique perante si mesmo – a uma vida íntegra com regras de ordem moral e religiosa, bem como um pequeno arsenal que sobejava em sua aljava é lançada em forma de provérbios.

Ao término de seus pensamentos, um misto de desconsolação e esperança se mesclam, talvez numa última tentativa de dizer para si mesmo e a todos que queiram ouvir, que por mais que busquemos a essência de nossa existência, sempre faltará algo, exatamente pela sua prisão em vasos tão simplórios de barro.

Deus nos ilumine a extrair de seus pensamentos a chave que abra as portas do mais íntimo da Sua casa celestial – único lugar onde podemos – sem nos ferir – vislumbrar a perfeição em seu grau máximo, e descansar seguros já a partir desta vida debaixo do sol.