SALMOS em foco! - Sl1

O livro dos salmos, do ponto de vista de sua aceitação e apreciação, é praticamente universal.

Suas palavras de conforto, em praticamente todas as áreas da vida humana, são um refrigério para toda alma cansada e oprimida. Ensinos e exortações abrangendo vários interesses da vida humana, visando ajuda espiritual, são extraídos de suas páginas inspiradas por todas as denominações cristãs desde sempre.

Além da ajuda espiritual, assuntos variados – justiça divina, castigo sobre os ímpios, normas de conduta para com Deus e os homens – complementam a força inerente deste livro.

Ela ultrapassa em muito o que se relaciona ao povo de Israel, estendendo-se a todo tipo humano e religioso, e vai muito além do seu tempo. Salmos falam ao coração.

Mas não posso deixar de observar – de forma levemente crítica – o motivo desta profunda e estendida aceitação e que passa desapercebida pela maioria dos cristãos.

Citemos o que talvez seja o mais conhecido dos salmos.

“O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos...” (24.1).

Quem, por mais divergentemente religioso que seja, não apreciaria tais promessas? Ela não tem destinatário direto e explícito. Também não exige condições. É o que está escrito! É pegar e não largar a promessa!

Além disso, este Senhor é universal e sem nome, visto que ‘Senhor’ não passa de um título. Não define ou nomeia este Deus. Mas trata da grandeza de um Deus único, universal, abrangente, falando a qualquer pessoa que queira se enquadrar na narrativa.

Vamos ser claros e contundentes agora. A fórmula normal e popular ouvida é aquela – ‘Só há um Deus’. Mas lembremos o restante.

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens – Jesus Cristo homem” (1 Tm 2.5).

Aqui as coisas são mais definidas. Este Pastor que nada deixará faltar não poderá ser acessado se não pelo Filho em sua humanidade e seu sacrifício na cruz.

Todos os maravilhosos 150 salmos não terão alcance e efeito eterno ao espírito errante se não forem validados pela fé em Jesus e seu sacrifício substitutivo.

Salmos foram escritos por judeus e para judeus que estavam debaixo da aliança mosaica, que tinham já um relacionamento com seu Deus vivo pela fé nos sacrifícios sacerdotais que apontavam para o verdadeiro Cordeiro de Deus.

E somente aqueles, dentre os gentios, que aceitarem este cordeiro em sua vida, terão acesso ao teor mais profundo das revelações e promessas graciosas deste livro.

Não estamos aqui jamais diminuindo o valor espiritual e canônico do livro. Estamos apenas enfatizando seu propósito específico dentro do contexto maior dos outros 65 livros da Escritura, aliás o propósito deste estudo sequencial e diferenciado.

O objetivo maior de toda a Palavra de Deus é revelar seu Filho – morto e ressuscitado para nossa salvação. Embora Salmos não traga tal contradição, sua linguagem é menos incisiva e mais abrangente. A posição do livro e seu teor estão no curso da construção do entendimento da Pessoa divina e sua relação com os homens. A especificidade da graça soberana de Deus em Jesus Cristo é de responsabilidade do Novo Testamento.

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (Jo 1.18).

Vamos então ressaltar alguns aspectos dentre os salmos que enfatizam os assuntos mais importantes da Escritura, quais sejam – Deus, criação, pecado, misericórdia e graça, profecias messiânicas, justiça final.

Nosso propósito será o mesmo de Paulo – ‘preparar-vos para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo’ (2 Co 11.2) – especialmente no findar iminente do período de sua Igreja.