O Leviatã – em espírito e carne - Jó8
Seguindo o espírito da primeira grande figura usada por Deus para responder nossos grandes conflitos existenciais, a segunda tem sua ‘evolução’ lógica.
A descrição deste monstro segue sem interrupção ao do Beemote – sem pausa, sem brecha para argumentação – como um desdobramento do primeiro. Vamos comparar somente três ‘coincidências’ entre ele e sua figura caída. O mais do capítulo 41 deixamos para seu exercício espiritual.
“Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pálpebras da alva” (Jó 41.18).
“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva!” (Is 14.12).
Quanto ao termo ‘espirro’, só há mais uma passagem na Escritura para este reflexo involuntário.
“Depois [Eliseu] desceu, e andou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele, então o menino espirrou sete vezes, e abriu os olhos” (2 Re 4.35).
Cada um dos espirros do Leviatã da morte, superabundará na graça de Deus que resplandecerá à luz da face de Jesus Cristo, de quem Eliseu é figura.
***
“As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como com selo apertado (Jó 41.15).
“E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado” (At 9.18).
É prazer de Satanás cegar com escamas – é prazer do nosso Deus dar vista aos cegos.
Nem vamos comentar sobre “uma couraça de escamas” do gigante Golias...
***
“Ele vê tudo que é alto [ou ‘olha para tudo com desprezo’ – NTLH]; é rei sobre todos os filhos da soberba” (Jó 41.34).
“E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus [eu] exaltarei o meu trono, e no monte da congregação [eu] me assentarei, aos lados do norte. [Eu] Subirei sobre as alturas das nuvens, e [eu] serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13-14).
***
Conquanto o Beemote apareça somente no livro de Jó, o Leviatã tem outras aparições. E aparece somente mais três vezes pelo texto inspirado. Vamos reprisar somente a passagem de Isaías, pela brevidade de seu cumprimento.
“Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seu mortos. Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar” (Is 26.21, 27.1).
Embora seja mais que óbvia a simbologia para “o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás” (Ap 20.2), é certo também que os 3 personagens descritos no tempo do fim, quando o Senhor castigar os moradores da terra, represente a tríade maligna que se erguerá do mar e da terra (Ap 13) sob a força do “grande dragão vermelho” (Ap 12).
“E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16.13-14).
Teremos oportunidade, se tivermos tempo hábil antes da volta de nosso Senhor para o bendito arrebatamento de sua Igreja, de continuarmos o assunto escatológico no estudo dos profetas maiores e menores.
Por ora, fechamos o livro de Jó com o seguinte entendimento. A resposta de Deus a Jó e seus acusadores finda com a descrição de dois monstros inigualáveis que, simbolicamente, tratam do grande culpado de todo pecado e condenação introduzidos desde a esfera celestial – o Beemote – e passando para nossa esfera de vida – o Leviatã.
Podemos resumir sua atuação maligna sobre o reino de Deus e dos homens com uma repreensão do apóstolo Paulo ao espírito de um certo inimigo dos caminhos de Deus.
“Disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (At 13.10).
Aos caminhos perturbadores do inimigo de todas as almas, o Filho de Deus nos assegura “que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus... E, despojando [ou retirando seus pertences] os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 1.20, 2.15).
Glória a este grande Deus! E Salmos que nos aguarde!