JÓ em foco! - Jó1
Jó sempre tem sido associado à paciência. Mas ele e tudo o que representa vão muito além disso. Não sei se ele se gloriava como Paulo nas suas tribulações, mas os resultados práticos na vida espiritual destas duas vidas sofridas deveriam ser iguais.
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz [a tradução mais precisa seria ‘tem poder para’ e não consequência certa] a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.3-5).
Sua vida vinha em perfeita sintonia com a justiça prática e seu desejado desdobramento – filhos abençoados e vida próspera. Mas um sofrimento atroz e incomum se abate sobre ele e que arrasta toda sua família à desgraça.
Surgem três amigos. Chegam até a se assentar juntamente com ele no chão duro, sofrendo as mesmas dores e lágrimas. Calam-se como que esperando uma reação do amigo. Que dizer nessas horas? Palavras corriqueiras e vazias do tipo – Deus é bom o tempo todo?! Deus é fiel?! Não eram eles nem nós que tínhamos que raspar suas feridas, nem os cães nos lambiam.
Então Jó abre sua boca em amargura... descamba sua miséria, vomita toda sua dor e inconformação... insiste em demonstrar a pureza de suas mãos e lábios durante toda sua vida... e aí seus problemas se acentuam... Aqueles grandes amigos não podiam combinar pureza de vida com sofrimento atroz. Se fosse hoje, provavelmente seriam adeptos da ‘teologia da prosperidade’.
Em vez de o consolarem, acusam-no impiedosamente. Um jogo de braço de ferro com acusações falsas de um lado, e a defesa segura da justiça de Jó de outro, vai se entrelaçando até que aparece um quarto amigo.
Mas nada afasta sua dor e incompreensão íntimas. Até que o próprio Deus resolve condescender e olhar para seu filho. Mas, antes de responder suas perguntas e dúvidas cruciais que acompanham desde sempre toda a humanidade, faz-lhe inúmeras outras perguntas. Uma após outra vai demonstrando sua soberania, seu poder; de uma certa forma até seu distanciamento necessário... e destronando toda nossa arrogância e incompetência espiritual.
Vamos tentar analisar este livro de uma forma diferenciada. Não vamos bater nas mesmas teclas de sempre. Vamos investigar cada personagem através de suas conclusões pelas suas falas. Separemos o joio do trigo.
Jó tem tudo de nós, e nós temos tudo de Jó.
Que Deus nos ilumine nesta tarefa em revelar um pouco mais de nós mesmos e Dele próprio.