Uma prévia do futuro – o inimigo Hamã - Et5

Temos insistido nestes comentários ao longo dos livros sagrados da Escritura – que não pode e não vai falhar, sobre a implantação de um regime global que se unirá debaixo de um poder centralizador absoluto – na pessoa humana e depois sobre-humana do anticristo.

Este livro de Ester contém os ingredientes tipológicos que podem indicar a sucessão de eventos que se darão logo após o rapto silencioso dos filhos de Deus comprados pelo sangue do Cordeiro.

Retirada a influência conservadora e iluminadora desta Igreja espiritual e supra denominacional – simbolizadas pelo sal e pela luz respectivamente no evangelho de João, as portas para o levante do inimigo de Deus e dos homens se abrirão de uma vez, como uma brecha larga em um muro para passagem de toda horda de bestas humanas e espirituais.

Se partirmos do tipo de Hamã, perseguidor de todo o povo judaico (distribuído entre as 127 províncias sob o rei Assuero) pela fidelidade de um só homem justo que não se inclinava perante sua autoridade, podemos chegar a algumas conclusões. Primeiro vamos ao tipo.

“E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava... Hamã se encheu de furor. Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero” (Et 3.2-6).

Passemos ao futuro. A interpretação mais usual e correta entre os cristãos, somando todas as pequenas contribuições das profecias do Antigo Testamento bem como do Novo, fica sintetizada na visão de Daniel quando o homem da iniquidade, o filho da perdição, “firmará aliança com muitos [não todos] por uma semana...” [7 anos]. Mas algo provocará a interrupção do pacto com Israel na metade deste tempo, ou seja, por volta de três anos e meio do período. Daniel continua: “... e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação [linguagem típica dos sacrifícios no templo judaico que obviamente deverá ser reerguido]; e sobre a asa das abominações virá o assolador [segunda fase deste líder global], e isso até à consumação” (Dn 9.27).

Esta segunda fase sem máscara da besta que emerge do abismo, segundo a figura de Apocalipse, fica bem descrita por Paulo.

“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus [o templo judaico que será em breve reerguido no Monte do Templo, hoje sob comando islâmico], querendo parecer Deus” (2 Ts 2.3-4).

Como um lobista* desta primeira besta, a segunda besta estimulará primeiramente, e forçará em seguida, sua adoração.

“E vi subir da terra [Israel devidamente organizada em sua terra] outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão [sua semelhança é contrária à sua fala em sua primeira fase]. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem [segunda fase] a primeira besta...” (Ap 13.11-12).

Esta adoração ‘democrática’ seguida pela tirânica será aceita em quase sua massacrante maioria pela nação de Israel e pelo mundo. Mas aquele remanescente, nos mesmos moldes daqueles 7 mil que não dobraram seus joelhos ante Baal descrito em 1 Re 19 – em nosso contexto de Ester figurado pela fidelidade de Mardoqueu – será, da mesma maneira que Hamã incitou a fúria de seu rei, perseguida até a morte.

“Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo [sua queda se dará na metade da tribulação, portanto logo após 3,5 anos do período]. E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher [Israel de uma forma generalizada] que dera à luz o filho homem... E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente [segunda fase da perseguição mais violenta], os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo” (Ap 12.12-17).

Nem vamos falar “daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos” (Ap 20.4), pela obviedade do símbolo à luz do que dissemos acima.

Haverá então um direcionamento por parte da segunda besta – juntamente com “a operação do erro [da parte de Deus como castigo] para que creiam a mentira” conforme 2 Ts 2.11 – à adoração quase universal da primeira besta.

Provavelmente, a partir do momento em que sua imagem seja colocada no templo judaico como objeto de culto (há uma figura profética muito interessante na introdução da arca do Senhor juntamente com a imagem de Dagom descrita em 1 Sm 5), um remanescente se recusará a curvar-se na força e espírito de Mardoqueu, culminando na perseguição mais atroz de toda semente judaica, e concomitantemente a todos quantos se recusarem a receber sua infame marca.

Continuaremos este assunto em nossa próxima nota ao abordarmos a figura contraditória de Ester.

* O lobista, "representante de um cliente claramente identificável", seria responsável por exercer pressão e influência na tomada de decisão, auxiliando o tomador de decisão através do assessoramento com informações técnicas e expondo o ponto de vista de agentes externos que serão afetados pela decisão em questão.