A batalha pela fé - Ne6

O capítulo 8 de Neemias é um desdobramento do anterior. Neste, Neemias já tinha seus muros edificados e suas portas levantadas. Os porteiros – que zelavam pela entrada do povo santo e fechamento ao impuro, os cantores – que conduziam o louvor e ação de graças ao Senhor, e os levitas – que ministravam junto aos sacerdotes na casa do Senhor erguida por Esdras (Ne 7.1-2), todos eles já se encontravam devidamente assentados em suas funções.

Lembremos que Jerusalém estava em completa ruína, cabendo a Esdras, no livro anterior, e agora Neemias reconstruírem todos os alicerces arrancados pelo Senhor, graças às negligências espirituais de Israel.

Mas não havia somente trabalho e dedicação aos membros que de alguma forma estavam ligados ao Templo e ao culto da fé. Os simples membros moradores daquela cidade também tinham papel fundamental na segurança da cidade restaurada.

“E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça [em palavras espirituais – não se permitiria a entrada de nada relacionado às trevas], e enquanto os que assistirem ali permanecerem, fechem as portas, e vós trancai-as; e ponham-se guardas dos moradores de Jerusalém, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa” (Ne 7.3).

Nesta presente era da Igreja de Jesus Cristo, também a membresia deve ter sua parcela de trabalho e dedicação nas coisas de Deus. Bastam poucas palavras para a necessidade extrema da conduta do corpo de Cristo como um todo, tanto dos líderes quanto dos liderados.

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).

“Mas o justo viverá pela fé [não só quanto às questões eclesiásticas, mas também nas civis, trabalhistas, familiares, sanitárias...]; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38).

“Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa” (Lc 6.49).

Se não nos portarmos assim em nossas vidas espirituais – individualmente, o capítulo 8 nunca será uma realidade em nosso meio coletivo.

“E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel” (8.1).

Se você fizer uma busca na expressão – todo o povo se ajuntou como um só homem –, encontrará raríssimo exemplo da mesma dedicação. Mas este não é o resultado de algo fortuito, despreparado, desmotivado, como que por obrigação, mas do preparo de homens que se dispuseram para o trabalho árduo, sem se importar com as dificuldades que enfrentariam. Queriam o bem de Israel, mas acima de tudo – servir ao Deus de Israel que fora ultrajado.

O resultado de tal congregação unida em volta dos oráculos de Deus levou inevitavelmente a alguns resultados espirituais inéditos que nem em nossos dias temos visto com clareza.

“E leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei [temos todos estado atentos em nossas congregações?!]...

E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra [temos nos inclinado na mesma proporção de adoração e contrição da alma?!]...

E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei [temos chorado pelo estado caótico de nossa vida civil, social e religiosa?!]” (Ne 8.3,6,9).

O Amém, Amém! sem os ouvidos abertos, rostos em terra e choro sincero não pode mudar o estado de coisas que temos visto e presenciado.

A fé, sem o passo da decisão e da coragem, teria deixado Abraão em sua terra natal. Teria poupado Isaque, mas não veria jamais o substituto gracioso de Deus. Teria sufocado Moisés no cesto. Teria sucumbido Josué e Calebe no deserto, sem entrar na terra prometida e desejada.

“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos...” (Hb 11.32-34).

Pois não recuaram diante do preço que poderiam pagar com “escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados... errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé [em outras palavras – suas obras testemunharam do poder da fé em ação], não alcançaram a promessa” (Hb 11.36-39).

A Igreja de Laodiceia em que vivemos e servimos tem estado pronta para – vencer, praticar, alcançar, fechar, apagar, escapar, tirar, esforçar, expulsar – à altura dos desafios destes últimos dias, pela fé que ela diz possuir?!...

A seguir acamparemos juntos às tendas deste povo sofrido.