Restituição parcial - Ed3
Juntamente com a permissão da volta dos judeus cativos para sua terra, estava a permissão para reconstrução de seu santo templo.
“No primeiro ano do rei Ciro, este baixou o seguinte decreto: A casa de Deus, em Jerusalém, se reedificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes” (Ed 6.3).
Também foram provisionados por este rei a devolução de muitos utensílios de ouro e prata pertencentes à casa de Deus anterior, que acompanhavam toda a ordem de sacrifícios prescritos por Moisés.
“Além disso, os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava em Jerusalém, e levou para babilônia, serão restituídos, para que voltem ao seu lugar, ao templo que está em Jerusalém, e serão postos na casa de Deus” (6.5).
A numeração destes objetos se encontra logo no primeiro capítulo seguindo a mesma lógica do que vimos acima.
“Também o rei Ciro tirou os utensílios da casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém, e que tinha posto na casa de seus deuses. Estes tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá.
E este é o número deles: trinta travessas de ouro, mil travessas de prata, vinte e nove facas, trinta bacias de ouro, mais outras quatrocentas e dez bacias de prata, e mil outros utensílios. Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos” (1.7-11).
Nenhum objeto de cobre foi devolvido ou contado entre os objetos de ouro e prata. E isto tem uma simbologia de extrema importância, pois estes metais simbolizam, como já frisamos em notas anteriores, sua ligação com os ministérios de governo (ouro), profecia (prata) e sacerdócio (cobre, ou bronze em algumas versões).
Como os utensílios se relacionavam à casa de Deus e seu sacerdócio, entendo que Deus devolveu à sua rebelde nação o direito de continuarem com sua vida sacerdotal única e própria (do ponto de vista governamental), devolveu o direito de testemunhar do Deus Vivo e verdadeiro através dos sacrifícios que seriam retomados (do ponto de vista profético), mas dava a entender que o sacerdócio em si mesmo seria substituído por algo ou alguém que cumprisse suas funções de forma santa, eficaz e permanente.
Hebreus esclarecerá sobre esta mudança de sacerdócio. Primeiramente o sacerdócio em si mesmo.
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo... sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre... De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote [Jesus] se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?” (Hb 7.1,3,11).
O sacerdócio que vinha da linhagem mortal de Arão seria substituído por um sacerdócio eterno, representado por Melquisedeque, sem fim nem começo, desligado do tempo que envelhece.
Mas, se o sacerdócio mudasse, também o sacerdote deveria estar alinhado a esta nova mediação.
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote [Jesus], santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (7.26-27).
E se o sacerdote divino estava alinhado ao novo sacerdócio eterno, também a oferta deveria estar à altura das exigências divinas e humanas.
“Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram.
Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação [ou oferta] do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (Hb 10.4-10).
Tudo foi mudado “para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Rm 7.6).
A ausência da devolução dos utensílios de cobre nos diz tudo isto e ainda mais que não podemos comentar aqui.
Passaremos a seguir para a primeira festa comemorada pelos judeus que voltaram do cativeiro – a festa dos Tabernáculos.