Davi – o rei segundo o Espírito - 1Sm6
Vimos na nota anterior que Saul entra em cena buscando as jumentas perdidas de seu pai. A jumenta é um símbolo da nação de Israel escravizada pela lei que não a liberta jamais (leia como o Senhor vê Israel em Jr 2.24). Saul nunca teve intenção de libertá-las, mas trazê-las de volta à escravidão da lei, e por consequência do pecado.
Como diz a Escritura, “a lei não é da fé” e “não pode nunca aperfeiçoar os que se chegam a Deus”.
A primeira menção do termo ‘jumenta’ aparece em Gn 49.9-11.
“Judá é um leãozinho... O cetro não se arredará de Judá... até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa [tronco ou linhagem] mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas”.
Esta profecia é muito indicativa quanto à pessoa de Jesus em suas duas vindas. Ele é o leão da tribo de Judá que reinará sobre Israel em sua segunda vinda, e subjugando todos os povos em redor. Também impregna sua capa no sangue das uvas, numa clara alusão ao lagar pisado do capítulo 19 de Apocalipse. Mas Quando Ele lava as suas roupas em vinho, demonstra seu sangue sacerdotal derramado em sua primeira vinda.
No entanto, algo mais interessante está em jogo. Um dia Ele amarraria seu jumentinho (a jovem nação de Israel saída do Egito) à vide (sacerdócio levítico com holocaustos que não poderiam lavar, mas apenas cobrir seus pecados); e depois amarraria a filha da jumenta (esta jumenta representa agora o jumentinho crescido, que desprezou seu Senhor em sua primeira vinda – “E, engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação” - Dt 32.15). Resta agora ao remanescente fiel (a filha da jumenta) durante a perseguição no período tribulacional futuro, reconhecer seus pecados e ser introduzido ao sacerdócio de Cristo à videira mais excelente.
Note, no entanto, que na primeira vinda de Jesus, ele desamarra ambos os animais descritos acima, no intuito de oferecer seu novo sacerdócio baseado em promessas melhores, como está escrito:
“Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos” (Mt 21.2).
Como Israel recusou seu Messias, sua nova oferta será exatamente na tribulação de sete anos que logo se iniciará, no entanto debaixo do espremer das uvas da nação.
Retornando então ao assunto inicial, Saul, por sua vida carnal, tendo inicialmente uma iluminação e capacitação do Espírito, descamba em uma vida de egocentrismo que afeta todas as suas obrigações como rei e como homem. Descuida de Israel e persegue o novo rei levantado em substituição à sua negligência, incompetência e arrogância.
“Então Samuel lhe disse: O Senhor rasgou de ti hoje o reino de Israel, e o deu a um teu próximo, que é melhor do que tu” (15.28).
A entrada de Davi em cena é digna de nota, tamanha a diferença de ocupação e preocupação de ambos.
“Disse mais Samuel a Jessé: São estes todos os teus filhos? Respondeu Jessé: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas” (16.11).
Lembram bem as palavras de Jesus em seu ministério terreno – “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15.24).
Não ouviríamos jamais palavras como as que Davi proferiu na boca de Saul.
“E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao Senhor, dizendo: Eis que eu pequei, e procedi iniquamente; porém estas ovelhas, que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai” (2 Sm 24.17).
Há uma diferença gritante entre estes dois homens, um que queria fazer a sua vontade, outro que buscava a vontade do Senhor acima de tudo.
A palavra de Gálatas 5.17 mostra e explica perfeitamente a rixa e perseguição injusta de Saul sobre Davi.
“Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis”.
A diferença de ambos se mostra no desfecho de suas vidas, excelentemente profetizado em Romanos 8.6.
“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz”.
Possamos nós também nestes tempos sombrios, nestes tempos de provação para sua Igreja – esta Laodiceia morna em que vivemos – e para o mundo, antes da entrada da tribulação prometida pela Escritura que não pode errar, escolher o caminho do Espírito e não da carne.
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus... porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Rm 8.7-8,13).
Em nosso próximo encontro convidaremos Jônatas para dar seu belo, mas incompleto, testemunho.