Samuel – resposta de oração - 1Sm4
Vimos em nossa primeira nota que este rapaz foi resposta de larga oração de uma pobre mãe perseguida pela rival que a natureza favorecera. Mas onde abunda o pecado de um lado, a graça superabunda de outro. Este rapaz virá a ser o intermediário entre o período de juízes (ou teocracia) e o reinado. Acumulará os três ofícios mediatórios entre Deus e os homens, a saber, será juiz, profeta e sacerdote, segundo as passagens seguintes.
“Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida” (7.15).
“Samuel crescia, e o Senhor era com ele... E todo o Israel... conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor” (3.19-20).
“Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos filisteus. Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e o ofereceu inteiro em holocausto ao Senhor; e Samuel clamou ao Senhor por Israel, e o Senhor o atendeu. Enquanto Samuel oferecia o holocausto...” (7.8-9).
Apesar de Samuel não ser da linhagem de Arão, portanto legalmente não teria direito ao sacerdócio levítico, Deus o levantou para tal. É da prerrogativa divina substituir os ministros que falham em sua missão – poderíamos citar Davi no lugar de Saul, Paulo no lugar de Judas, Igreja no lugar de Israel, Jesus no lugar de Lúcifer...
Aquele Eli, devidamente assentado na cadeira de Arão, será substituído por um que não tem sangue sacerdotal, mas é fruto de oração e promessa. Ele é erguido em um tempo em que “a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram frequentes” (3.1).
É ele quem levará o povo a um arrependimento e perdão aos olhos do Senhor, depois que a arca é tomada pelos filisteus e Israel passa a ser subordinado a eles. Acompanhemos um trecho.
“E desde o dia em que a arca ficou em Queriate-Jearim passou-se muito tempo, chegando até vinte anos; então toda a casa de Israel suspirou pelo Senhor.
Samuel, pois, falou a toda a casa de Israel, dizendo: Se de todo o vosso coração voltais para o Senhor, lançai do meio de vós os deuses estranhos e os astarotes, preparai o vosso coração para com o Senhor, e servi a ele só; e ele vos livrará da mão dos filisteus.
Os filhos de Israel, pois, lançaram do meio deles os baalins e os astarotes, e serviram ao Senhor.
Disse mais Samuel: Congregai a todo o Israel em Mizpá, e orarei por vós ao Senhor. Congregaram-se, pois, em Mizpá, tiraram água e a derramaram perante o Senhor; jejuaram aquele dia, e ali disseram: Pecamos contra o Senhor” (7.2-6).
Não havia necessidade da presença da arca, mas de arrependimento sincero e busca sincera da vontade do Senhor. O jejum em si mesmo de nada adiantaria, se não estivesse atrelado ao – Pecamos contra o Senhor! Que isto nos sirva de lição, nestes tempos de formalismo eclesiástico, modinhas espirituais, jejuns vazios, cultos de muitos glórias! e pouco arrependimento.
Mas Samuel fala também de algo ainda maior. Ouçamos esta profecia contra a casa de Eli.
E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido” (2.35).
O nome Samuel tanto pode significar "Deus Ouve" quanto "Nome de Deus". E quem na história humana podia dizer que sempre Deus o ouvia e carregava o próprio nome de Deus?
Jesus também acumulou os três ofícios de Samuel. Era rei, profeta e sacerdote por excelência.
E quem podia, com maior autoridade, preparar o povo ao arrependimento e perdão absolutos?
Samuel foi a resposta de Deus em um tempo conturbado, a um povo largado e mal direcionado pelos seus sacerdotes. Jesus foi a resposta divina para seu povo escravizado por Roma, por seus líderes gananciosos e sacerdotes corruptos.
E continua sendo verdade – mesmo nestes tempos cruéis, contaminados e indiferentes – que este Filho de Deus nos perdoa, lava, liberta da escravidão do pecado e de Satanás e nos transporta para seu reino de luz.
E assim como Samuel nada tinha que ver com a casa de Arão, também Jesus nada tinha, como está escrito:
“De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? (Hb 7.11).
Graças a Deus, a lei de Moisés foi cumprida por Cristo, para que nós vivamos em novidade de vida, sujeitos ao Espírito Santo e não mais à lei que nada pode acrescentar ao sacrifício de Jesus.
Arrependimento e santidade são a resposta divina para aqueles que não querem submergir juntamente com Laodiceia, a igreja ímpia, satisfeita e misturada de nossos dias.
A seguir falaremos de Saul e seu reinado.