O segundo boi do pai de Gideão - Jz6.1
Parece haver uma figura escondida, pelo menos assim entendi enquanto escrevia a nota anterior, logo depois da aceitação da oferta de Gideão pelo anjo e Seu repentino desaparecimento. Vamos novamente reprisar.
“Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso... E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo... E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha... e os ofereceu... E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos...” (6.12-21).
Entendemos que este sacrifício aceito pelo anjo representa o próprio sacrifício de Jesus na cruz, e seu desaparecimento significa o distanciamento de Deus da nação incrédula, representado pela dúvida de Gideão da identidade daquele que falava com ele.
Algo então acontece naquela mesma noite, ou seja, aquele período de trevas que Israel ainda experimenta – desde sua recusa de seu Messias até o período tribulacional por vir. Este entendimento bate perfeitamente com o ensino de Paulo:
“Mas os seus sentidos [Israel] foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará” (2 Co 3.14-16).
Mas vejamos o que aconteceu naquela mesma noite.
“E aconteceu naquela mesma noite, que o Senhor lhe disse: Toma o boi que pertence a teu pai, a saber, o 'segundo boi' de 'sete anos', e derruba o altar de Baal, que é de teu pai; e corta o bosque [poste ídolo em outra versão] que está ao pé dele. E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste lugar forte, num lugar conveniente; e toma o segundo boi, e o oferecerás em holocausto com a lenha que cortares do bosque. Então Gideão... fez como o Senhor lhe dissera; e sucedeu que, temendo ele a casa de seu pai, e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas fê-lo de noite” (6.25-27).
O tempo citado da vida do boi ofertado, sete anos, coincide com os sete anos de escravidão que Israel experimentava (Jz 6.1) e também com o período tribulacional pelo qual o mundo todo passará ao final deste período da Igreja de Cristo.
O segundo boi ‘talvez’ represente a segunda vinda de Jesus, já que na primeira vinda Ele foi rejeitado. Mas no seu segundo advento, ao final da tribulação de 7 anos, Israel finalmente aceitará seu sacrifício na cruz por eles. Ele então derrubará o altar que será erguido por Israel [seu templo restaurado], representado pelo altar da casa do pai de Gideão. Observe que este altar não é do Senhor, mas de Baal. Este templo e altar poderão ser erguidos na boa intenção da vinda do Messias, mas eles serão corrompidos pela imagem do ciúmes de que fala Jesus, quando o anticristo colocar ali sua imagem.
“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo [no templo reerguido]; quem lê, entenda... haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver” (Mt 24.15,21).
O bosque do lado do altar de Baal, nada mais é que a mesquita que hoje ocupa o monte do Templo em Jerusalém. Creio que em breve os dois templos (o muçulmano atual e o judaico a ser reconstruído) compartilharão o mesmo monte, um ao lado do outro. Este entendimento bate com uma descrição de Ezequiel quando Deus condena a mistura dos limiares.
“E disse-me: Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre [falando de um futuro que ainda não se concretizou] ; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos, pondo o seu limiar ao pé do meu limiar, e o seu umbral junto ao meu umbral, e havendo uma parede entre mim e eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que cometiam; por isso eu os consumi na minha ira [na tribulação]” (Ez 43.7-8).
Creio que os dois templos coabitarão juntos no período tribulacional, mas algo interromperá esta união desigual. Muitos creem que, ao ser colocada a imagem do anticristo no templo judaico futuro, eles perceberão seu erro e deixarão de segui-lo, iniciando o período de perseguição aos judeus. Não creio que Israel em sua cegueira espiritual, aceitando o anticristo como se fosse o Cristo, tenha este discernimento. Acho que algo já anunciado em 1 Samuel como tipo levará ao desencadeamento da perseguição. Este texto aponta para a imagem de Baal, diferente do texto de Juízes 6 acima que fala do altar. Vamos comparar.
“Tomaram os filisteus a arca de Deus, e a colocaram na casa de Dagom, e a puseram junto a Dagom.
Levantando-se, porém, de madrugada no dia seguinte, os de Asdode, eis que Dagom estava caído com o rosto em terra, diante da arca do Senhor; e tomaram a Dagom, e tornaram a pô-lo no seu lugar.
E, levantando-se de madrugada, no dia seguinte, pela manhã, eis que Dagom jazia caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a cabeça de Dagom e ambas as palmas das suas mãos estavam cortadas sobre o limiar; somente o tronco ficou a Dagom” (1 Sm 5.2-4).
De alguma forma que ainda não entendo, as duas peças de adoração – a arca judaica e a imagem gentia da besta – partilharão o mesmo espaço no templo judaico a ser construído ao início da tribulação (também nada impede que o templo seja erguido ainda neste período da Igreja). O Senhor quebrará (ou matará??) a imagem falsa de forma milagrosa, e esta ‘afronta’ levará à perseguição final do ramo judaico naquele tempo.
Eu sei que estes assuntos são complexos e extremamente difíceis de comprovação, já que não há uma linguagem direta destes fatos. Apenas estou tentando encaixar as peças desta grande visão do futuro. E quem sabe iluminar alguém com melhor visão para corrigir a interpretação.
Espero que o leitor e leitora me perdoem se ultrapassei o limite da interpretação, mas não podemos nos calar diante das possibilidades que se levantam ao lermos constantemente as Escrituras. Faça uma leitura cuidadosa de tudo e proceda com a prudência de Maria.
“Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração” (Lc 2.19).
Falaremos a seguir de um certo levita e uma certa concubina.