A novidade da terra - Js5

Algo inusitado acontece logo após a comemoração da Páscoa por Israel, já em terra prometida.

“Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó.

E, ao outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do fruto da terra, pães ázimos e espigas tostadas.

E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã” (5.10-12).

Primeiro vamos à questão física. Como puderam comer do fruto da terra em plena terra inimiga? O segredo está sempre com o Senhor.

“E sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus, que habitavam deste lado do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus, que estavam ao pé do mar, que o Senhor tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passassem, desfaleceu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel” (5.1).

Um terror invadiu suas almas. A desesperança se instalou e se fecharam em seus quartos.

“Ora Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava” (6.1).

O fato em si não seria nada, se não houvesse outra condição orquestrada por Deus mesmo.

“E quando os que levavam a arca, chegaram ao Jordão, e os seus pés se molharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da ceifa)” (3.15).

Conforme o relato do momento em que atravessavam o Jordão, o texto bíblico em parêntesis lança o dado mais importante. Entravam na terra em pleno período da colheita. Somente uma coisa faria os inimigos deixarem seus campos cheios e se esconderem em suas muralhas – o temor do Senhor, o temor pela vida. Uma sentença de morte assombrava sua normal existência.

Por isto o Senhor podia dizer com certo ar de cobrança através de Josué já velho.

“E eu vos dei a terra em que não trabalhastes, e cidades que não edificastes, e habitais nelas e comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes. Agora, pois, temei ao Senhor...” (24.13-14).

Passemos ao espiritual agora, em dois lances.

Podemos seguramente interpretar o maná como sendo uma visão futura do Messias que viria. Está totalmente escorado pelas palavras do Senhor.

“Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre” (Jo 6.58).

E assim como rejeitaram o símbolo, seria óbvio concluir que também rejeitariam o verdadeiro.

“E não quereis vir a mim para terdes vida... Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais” (Jo 5.40-43).

Quanto ao motivo espiritual para a interrupção do maná, exatamente no momento em que comem dos frutos da terra, podemos encontrar alguns paralelos no Novo Testamento, e que deveriam falar bem alto a nós.

“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.1-2).

O fruto da terra é antagônico ao fruto do céu, e ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo.

“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

Mas aquele povo era da terra, com bênçãos terrenas e esperanças terrenas. A Igreja de Jesus Cristo não deveria, pelo seu alto chamado celestial, esperar nada do mundo. Esperar pelo fruto da terra é desprezar o maná divino, é pisar todo trabalho gracioso de Cristo, é afrontar todo zelo do Espírito Santo pelos filhos de Deus.

Para o cristão espiritual, só vale uma regra – “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17.15-16).

Comentaremos a seguir sobre o erro de um homem que condenou toda uma nação.