Adeus, Moisés! - Dt7

Acompanhamos as jornadas e decisões deste famoso libertador, personagem mais célebre de Israel, mas agora é hora de nos despedirmos.

Deus o chama para seu merecido descanso, mas com uma ressalva mais fúnebre que a própria morte.

“Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo... E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás” (34.1-4).

Duas questões quero trabalhar neste texto. Primeiro no nome do monte, Nebo – nome de uma divindade babilônica, conforme dicionário hebraico extraído do site dosenhor.com.

Lembramos que tudo começou em Abrão, um pagão chamado de uma cidade babilônica para peregrinar pela Palestina, terra esta que agora depois de mais de quatro séculos Moisés antevê sobre este monte.

Era como se Deus dissesse: – Eu tirei um homem e sua família do poder deste deus pagão, eles peregrinaram por esta terra no passado, foram escravizados por cerca de 400 anos, Eu os libertei do poder de faraó pelo gracioso sacrifício pascal, e agora você se encontra diante da terra, juntamente com este grande povo, que Eu prometi àquele homem. Este passado e seu deus pagão antigo vão ficar para trás em breve. Tudo será novo.

E não é assim conosco? Andamos perdidos em nossos delitos e pecados, servindo ao deus deste mundo corrupto, mas veio a cruz e pudemos entrar no bendito descanso de Deus e seu Cordeiro.

Mas para Moisés não podia ser assim. Venceu tudo, viu por antecipação aquela formosa terra, mas não entrou. E há um motivo espiritual muito simples para isto: Moisés é símbolo máximo daquilo que ele mesmo foi escolhido para entregar ao seu povo – a Lei.

Vamos tocar neste ponto outras muitas vezes e creio que ainda não será suficiente para alguns.

“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17).

Onde há lei, não pode haver graça. Sempre será assim – lei e graça são incompatíveis para o homem caído. Hebreus deixará claro.

“(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança [a graça em Cristo], pela qual chegamos a Deus” (Hb 7.19).

Moisés, como doador da Lei que condena, não pode entrar na terra prometida, pois esta terra é a recompensa do descanso, e a Lei não pode fazer isto, consequentemente, Moisés não pode passar, simbolicamente falando, para o outro lado. Mas Josué o fará, pois não está preso à Lei, mas pela lei da fé, e que vamos comentar isto nas próximas notas.

Mas há um terceiro ponto bem interessante. Notemos.

“Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor” (34.7).

Vimos acima a relação simbólica entre Moisés e a Lei. Esta simbologia não permitiu sua entrada à terra prometida. Os dois elementos simbólicos acima falam também do caráter da Lei.

A Lei de Deus não fecha os olhos a ninguém, pois todos estão condenados por ela. A justiça exigida por Deus é imparcial, não se esconde ou rebaixa. Também jamais perde seu vigor, sua força condenatória por sua intransigência não recua jamais. Todos estão condenados aos olhos perfeitos de Deus.

Aí reside o triste caráter da lei – nunca perde seu vigor, e por isto não pode permitir o descanso de nenhuma carne em nenhum momento. Isto é papel da graça. Moisés sairá de cena, e outro capitão, ligado agora à fé, aparece – Josué.

Encerramos assim as 7 notas de cada livro de Moisés, o chamado Pentateuco, e partimos para os 12 livros históricos seguintes – Josué a Ester.

Obrigado por me acompanhar nesta jornada e espero contar com você nas próximas edições. Que o Senhor Jesus, em sua misericórdia, nos capacite para tal tarefa.