Queixas - Nm3
Não há ser humano que em certos momentos da vida não apresente suas queixas a Deus ou aos homens. É mal da humanidade esquecermos todas as dádivas divinas, e no primeiro momento de angústia desbocarmos em reclamações.
Israel também era assim. Experimentou uma libertação sem igual da escravidão do Egito. Recebeu leis únicas em toda a história da humanidade. Foi agraciado com um sacerdócio ímpar em toda fase da espiritualidade humana.
Mas não era o bastante. O pão do céu não era suficiente. Era como uma privação para eles. Pouco importava se era Deus quem os alimentava. Queriam mais.
“E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça [??!!]; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (11.4-6).
Um pouco mais a frente, vão falar de uma forma um pouco mais atrevida.
“E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil (21.5).
Não é assim conosco? Temos sido cobertos de bênçãos espirituais nas regiões celestiais. Temos sido perdoados de nossos muitos e graves pecados. O Senhor nos tem acompanhado em nossas jornadas e nos protegido de tantas misérias. Mas ainda não basta.
O lixo que o Egito nos oferece parece melhor que tudo o que Deus tem feito por nós. Parece que a escravidão com manjares era melhor que a liberdade com pesares.
Não passavam fome no deserto de forma alguma! Nem precisavam trabalhar pelo seu alimento, vinha tudo de graça. Mas sempre as queixas e as mentiras.
Então o Senhor faz algo que pareceria bom aos olhos naturais. Se é carne que querem, carne terão!
“Por isso o Senhor vos dará carne, e comereis; não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias; mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (11.18-20).
Devemos ter cuidado com nossas reclamações. Poderá o Senhor nos ouvir e dar exatamente o que – carnalmente – desejamos, mas com um preço muito alto a se pagar.
O salmista teve perfeita iluminação das consequências.
“Porém cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho.
Mas deixaram-se levar à cobiça no deserto, e tentaram a Deus na solidão.
E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas” (Sl 106.13-15).
Gosto de uma outra versão que diz assim.
“E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma” (Revista e Corrigida).
Corremos sempre o risco de – para satisfazer a carne e seus desejos – definhar nossas almas e nos afastar do Senhor e manchar nossa comunhão santa, que tanto nos tem trazido alento.
Repensemos sempre nossos valores morais e espirituais, e assim prossigamos em nossa feliz jornada até nossa habitação celestial.
No próximo capítulo daremos uma ‘espiada’ no comportamento de doze ‘espias’.